Resumo de Antropologia - Cultura Erudita

Uma produção artística feita para a elite

A cultura erudita pode ser definida como uma produção artística elaborada por e para as pessoas da elite social. Sob o pressuposto de ser um produto voltado ao público intelectual, só tinha acesso a esse bem cultural aqueles que tinham maior poder aquisitivo. Dessa forma, para manter as pessoas “inferiorizadas” à parte da literatura, música, artes plásticas e tantas outras produções, a aristocracia usava esse argumento para excluir os mais pobres do acesso aos bens culturais.

Origem da Cultura Erudita

A cultura pode ser conceituada como um conjunto de hábitos, tradições, costumes, língua, religião e outros elementos identitários que constituem um grupo ou sociedade. Isso quer dizer que em qualquer agrupamento humano, esses componentes característicos estarão presentes. Mas ao tratar de Cultura Erudita não queremos nos referir à cultura que representa um conjunto de ações características de determinado grupo, apenas a critérios artísticos e estéticos criados por uma sociedade.
A Cultura Erudita vai surgir na Europa. Durante os séculos XVII e XIV esse tipo de cultura podia ser caracterizada como aquela que buscava se assemelhar aos clássicos da Roma Antiga ou da Grécia Antiga. Sendo assim, era considerado erudito tudo aquilo que fazia referência às obras clássicas da Antiguidade. Toda a produção cultural, fossem músicas, pinturas, esculturas, peças teatrais, poesias, poemas, valorizava os traços mais bem elaborados. 
Toda a crítica que envolve a cultura erudita é que essa produção artística é voltada para as classes dominantes, de forma proposital. A cultura erudita era muito excludente, ao utilizar o argumento do “contexto acadêmico”, ela limitava seu acesso à aristocracia. Além disso, levando em consideração que a Europa acabou se tornando o centro da produção cultural, os colonizadores se utilizavam desse mesmo argumento para inferiorizar a cultura dos povos nativos, forçando-os a aderir a cultura hegemônica europeia. 
Assim, à medida que as grandes navegações chegavam à África e às Américas, a ideia de superioridade cultural e intelectual também era inserida. Na crença de que a cultura erudita era mais elaborada que as demais, instalou-se uma visão completamente deturpada e preconceituosa de tudo aquilo que era produzido pela cultura popular de cada lugar. 
É importante salientar que algumas produções que, atualmente, são consideradas eruditas, como as do movimento barroco ou do romantismo, não tinham o mesmo valor antigamente. Isso porque, tanto o barroco quanto o romantismo não eram lineares, e até valorizavam as formas irregulares, diferente da cultura erudita que prezava pela perfeição. Outro fator que explica esse fenômeno é que a cultura erudita não se interessava por aquilo que era moderno, mas valorizava componentes da cultura clássica.




A influência da cultura erudita foi tão forte que mesmo as sociedades ocidentais, que sofreram fortes influências dos colonizadores, passaram a valorizar esse tipo de produção, e foram mais além. No ocidente, só era considerado erudito aquilo que era produzido pela elite intelectual da Europa. No Brasil, por exemplo, o teatro, a literatura, a pintura, a música, a moda, só eram reconhecidos se fossem obras de intelectuais europeus, principalmente da França.

Esse foi um período em que artistas como Leonardo da Vinci, Pablo Picasso, Beethoven, Mozart se tornaram conhecidos no Brasil. O país também revelou grandes nomes na música clássica, sendo o maior deles, o maestro e compositor Heitor Villa Lobos, conhecido por produções como “O Guarani”. Villa-Lobos se tornou o maior compositor das Américas, escrevendo mais de mil obras, por conta dele, a música brasileira se tornou conhecida mundialmente. 

Cultura Erudita x Cultura Popular

A Cultura Erudita surgiu justamente para se opor a Cultura Popular. Era um tipo de produção que prezava pelo refinamento, por técnicas artísticas mais elaboradas, só podia ser apreciada por um grupo e principalmente, estabelecia uma fronteira social. Pode –se dizer que a Cultura Popular é oposto dela. Isso porque é acessível pela massa e é construída com base no coletivo e da diversidade.

A cultura popular não está interessada em criar barreiras sociais, mas em incluir, em apresentar as potencialidades de um povo, na valorização da cultura local. Entre os elementos da cultura popular, estão as festas religiosas e populares, a literatura, a culinária, a música, os hábitos e os comportamentos. Diferente da cultura erudita, a cultura popular não está relacionada à questões estéticas, mas às ideias, aos hábitos, aos fenômenos e a tudo que se refere ao gosto coletivo.