Resumo de Antropologia - Beduínos

Nômades do deserto

Os beduínos são considerados nômades porque a maior parte dessa população não tem habitação fixa, eles vivem se deslocando entre as regiões para realizar suas atividades diárias, como o pastoreio e também a comercialização de mercadorias. A busca pela água também é um dos fatores que fazem com que os beduínos migrem entre as regiões.

Para poder se abrigar do sol escaldante e também do frio do deserto, os beduínos constroem tendas provisórias que são feitas de tecidos e fibras vegetais e pele de cabras. Ao longo do tempo, eles foram deixando de lado sua vida mais ativa, abandonando a constante migração, e optaram por um estilo de vida mais sedentário, com moradia fixa, se dedicando à agricultura, artesanato, trabalhando como artistas, ferreiros, com a criação de animais como ovelhas, cavalos, cabras e também os camelos, que são o seu principal meio de transporte. 

Origem dos Beduínos

As pesquisas realizadas por historiadores indicam que esse povo surgiu na Antiguidade, no norte da atual Arábia Saudita, durante o período das civilizações hidráulicas. O nome escolhido pelo grupo deriva das palavras árabes “al bedu”, que significa “habitantes das terras abertas” ou ainda “al beit” que quer dizer “povo da tenda”.

Com o passar dos anos, essa cultura foi expandindo, acompanhando também o crescimento e disseminação do Islamismo pelo território africano. Ao passo que os árabes conquistavam mais espaço no continente, os beduínos iam se estabelecendo na região. 

Muitos dos costumes desse povo permaneceu, mas vários aspectos culturais passou por mudanças. No início do século XIX, por exemplo, os beduínos adotaram um estilo de vida seminômade, quase sedentário. Diversos fatorem contribuíram para essa alteração, o primeiro deles foi a pressão exercida pelos líderes das regiões onde havia constante migração, principalmente o governo do Império Otomano.

Já no século XX, período marcado por guerras, não só deixaram de se movimentar como começaram a se instalar nas cidades para atuar como mão de obra, muitos deles se estabeleceram no Egito, Tunísia, Iraque, Israel, Jordânia. Eles passaram de comerciantes de mercadorias a trabalhadores de indústrias que faziam extração de petróleo. Os que mudaram completamente seu estilo de vida nômade ainda relembram suas tradições e costumes nas festas comemorativas realizadas pelas comunidades de beduínos que existem nas cidades.


Cultura e Sociedade

Os costumes dos beduínos são formados por alguns pilares específicos: religião, sociedade, divisão de trabalho e um código de honra.


Aspecto religioso – A maioria dos beduínos seguem a religião islâmica, que foi muito influenciada pela cultura desse povo. O próprio Maomé, fundador do Islamismo, teve uma formação beduína, pois era costume da época que as crianças fossem adotadas pelos nômades por um período, já que passar um tempo no deserto, aprendendo a lidar com as situações daquele ambiente, era muito importante.

Sociedade – A sociedade beduína é dividida por clãs e vai se ramificando por inúmeras tribos. Entre elas há um status diferenciado para cada líder, baseado na importância de seus antepassados. Outro fator interessante é que a divisão hierárquica pode ser visualizada até pelos animais que cada grupo tem como meio de trabalho. Geralmente os nômades que têm camelos são os que possuem mais prestígio, já os criadores de cabra estão abaixo na linha hierárquica. 


Quanto às questões familiares, os beduínos seguem uma tradição familiar patriarcal. O homem mais velho de toda a tribo, “sheik” ou “xeque” exerce a liderança máxima, toda a sociedade é governada por ele, que é responsável pela próxima linha de patriarcas. 


Divisão de trabalho – Por conta da natureza patriarcal, os homens se dedicam aos trabalhos braçais, ou que exigem deslocamento, como comércio, pastoreio. Já as mulheres ficam responsáveis pelo cuidado das tendas, filhos e da produção artesanal.


Código de Honra – Além de possuir acordos que estabelecem as condutas entre os beduínos, o grupo também é adepto a um sistema de justiça conhecido como Lei de Talião. Na perspectiva dessa lei, que também é conhecida como “olho por olho, dente por dente”, as pessoas devem ser penalizadas da mesma forma ou de modo proporcional ao crime que cometeu.