A religiosidade indígena encontrava por vezes resistência à evangelização pelos jesuítas, uma “inconstância na alma”, ora a aceitar entusiasticamente a nova religião, ora a rejeitá-la. Não existia entre eles uma doutrina inimiga, mas exibiam “maus costumes” aos olhos inacianos que deveriam ser combatidos, descritos por Antônio Vieira: “canibalismo e guerra de vingança, bebedeiras, poligamia, nudez, ausência de autoridade centralizada e de implantação territorial estável. Era então necessário um longo e árduo processo de adaptação e reinterpretação de hábitos e costumes cristãos com as culturas indígenas. A missa dominical, a prática de sacramentos do qual o batismo seria o primeiro passo, tudo isso conflitava com os sentimentos de tradições indígenas. A água batismal, por exemplo, era associada à morte, recusada pelos índios.
(Castro, 2002.)
A chegada de cristãos no mundo indígena e africano inseriu-se num processo de dinamismo cultural, de reinterpretação e adaptação. Esta chegada dos elementos europeus no contexto colonial:
- A Esteve intrinsecamente ligada à questão do apaziguamento e dominação dos indígenas, tanto quanto na tentativa de controle dos africanos.
- B Fez germinar o barroco oriundo da cultura portuguesa, mas, respaldado pela arte e crença africana caracteristicamente politeísta e mundana.
- C Revestiu-se da ideia do messianismo, resultado das crenças sebastianistas dos portugueses e da convicção de guardiões da natureza aceita pelos indígenas.
- D Gerou um sincretismo de inúmeras etnias na colônia, perfazendo finalmente um quadro de tolerância e a homogeneidade do catolicismo brasileiro colonial.