Para responder a questão, leia com atenção o texto a seguir.
Atenção ao sábado
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
No sábado é que as formigas subiam pela pedra.
Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.
Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?
(...)
Clarice Lispector
Para não Esquecer, Editora Siciliano – São Paulo, 1992.
- A O sábado é identificado pela autora por imagens da memória que caracterizam positivamente esse dia da semana.
- B Ao dizer que “ao vento sábado era a rosa da nossa semana”, a autora subjetiva a sensação por meio do pronome.
- C A retomada da palavra “vento” revela-se como elemento de coesão textual que intensifica a sensação em relação ao sábado.
- D O verbo ser que passa do presente do indicativo “sábado é” para o pretérito perfeito do indicativo “sábado era” indica que o fato não fora concluído naquele momento passado.
- E A oração “nós já tínhamos tomado banho.”, expressa uma informação temporal ao que foi relato no período.