Questão 38 Comentada - Tribunal de Justiça de Tocantins (TJ-TO) - Juiz Substituto - FGV (2025)

O Ministério Público promoveu ação civil pública em desfavor da Rede de Televisão Binacional S/A, sob a alegação de que a requerida, por meio de sua programação televisiva, exibiu obra audiovisual em horário inadequado à respectiva classificação indicativa, em desacordo com ato normativo emitido pelo Ministério da Justiça. Em razão disso, pleiteia-se a condenação da emissora ao pagamento de indenização por danos morais coletivos.
Considerando-se o caso proposto, as disposições da Lei nº 8.069/1990 e o entendimento dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que:

  • A com base no princípio da proteção integral e no dever geral de observância aos direitos infantojuvenis, admite-se o controle prévio de viés autorizativo do Estado sobre o conteúdo a ser exibido pelas emissoras de rádio e televisão;
  • B a conduta da emissora de transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação se traduz em infração administrativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, sendo admitidas penas de multa e suspensão da sua programação por até dois dias, em caso de reincidência;
  • C a conduta da emissora de transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso de sua classificação se traduz em infração administrativa prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, não sendo admitida a suspensão da sua programação por importar em violação à liberdade de expressão;
  • D comprovada a grave afronta aos valores e interesses coletivos fundamentais, é possível a condenação da emissora de televisão ao pagamento de indenização por danos morais coletivos, sem que isso configure violação à liberdade de expressão em sua dimensão instrumental;
  • E é cabível a condenação da emissora, pois, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição, ressalvados os programas com finalidades meramente educativas.

Gabarito comentado da Questão 38 - Tribunal de Justiça de Tocantins (TJ-TO) - Juiz Substituto - FGV (2025)

A alternativa correta é a D, conforme o gabarito oficial.

A justificativa para a escolha da alternativa D baseia-se no entendimento dos Tribunais Superiores e nas disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A condenação por danos morais coletivos é cabível quando comprovada grave afronta aos valores e interesses coletivos fundamentais, sem que isso configure violação à liberdade de expressão. O ECA assegura a proteção integral da criança e do adolescente, inclusive em relação à programação televisiva, sem prejuízo da liberdade de expressão em sua dimensão instrumental.

A alternativa A está incorreta porque o controle prévio de viés autorizativo pelo Estado sobre o conteúdo das emissoras é incompatível com a liberdade de expressão, conforme jurisprudência do STF.

A alternativa B está incorreta porque, embora a conduta da emissora configure infração administrativa, a suspensão da programação por até dois dias em caso de reincidência não está prevista no ECA como pena aplicável.

A alternativa C está incorreta porque a suspensão da programação, em casos extremos, não viola necessariamente a liberdade de expressão, desde que respeitados os limites constitucionais.

A alternativa E está incorreta porque, apesar de o ECA exigir aviso de classificação, a questão central do caso é a exibição em horário inadequado, não a ausência de aviso. Além disso, a alternativa não aborda a possibilidade de indenização por danos morais coletivos, que é o cerne da questão.