Questão 4 Comentada - Tribunal Regional do Trabalho - Analista Judiciário - Área Administrativa (2022)

Texto CG1A1

    

        O capitalismo de vigilância é uma mutação do capitalismo da informação, o que nos coloca diante de um desafio civilizacional. As Big Techs — seguidas por outras firmas, laboratórios e governos — usam tecnologias da informação e comunicação (TIC) para expropriar a experiência humana, que se torna matéria-prima processada e mercantilizada como dados comportamentais. O usuário cede gratuitamente as suas informações ao concordar com termos de uso, utilizar serviços gratuitos ou, simplesmente, circular em espaços onde as máquinas estão presentes.

        A condição para a emergência do capitalismo de vigilância foi a expansão das tecnologias digitais na vida cotidiana, dado o sucesso do modelo de personalização de alguns produtos no início dos anos 2000. No terço final do século XX, estavam criadas as condições para uma terceira modernidade, voltada a valores e expectativas dos indivíduos.

        Outras circunstâncias foram ocasionais: o estouro da bolha da internet em 2000 e os ataques terroristas do 11 de setembro. A primeira provocou a retração dos investimentos nas startups, o que levou a Google a explorar comercialmente os dados dos usuários de seus serviços. Para se prevenir contra novos ataques, as autoridades norte-americanas tornaram-se ávidas de programas de monitoramento dos usuários da Internet e se associaram às empresas de tecnologia. Por sua vez, a Google passou a vender dados a empresas de outros setores, criando um mercado de comportamentos futuros. Assim, instaurou-se uma nova divisão do aprendizado entre os que controlam os meios de extração da mais-valia comportamental e os seus destinatários.

      Ao se generalizar na sociedade e se aprofundar na vida cotidiana, o capitalismo de vigilância capturou e desviou o efeito democratizador da Internet, que abrira a todos o acesso à informação. Ele passou a elaborar instrumentos para modificar e conformar os nossos comportamentos.

Internet: < www.scielo.br> (com adaptações).



Com referência à colocação e ao emprego dos pronomes no texto CG1A1, assinale a opção correta.

  • A O pronome “Ele”, no início do segundo período do quarto parágrafo, funciona como elemento de coesão, uma vez que retoma a expressão “o efeito democratizador da Internet”, no período imediatamente anterior.
  • B A próclise empregada em “nos coloca” (primeiro período do primeiro parágrafo) é opcional, de modo que o emprego da ênclise (coloca-nos) também seria correto.
  • C O pronome “seus” (segundo período do terceiro parágrafo) funciona como elemento de coesão e retoma o termo “Google”, no mesmo período.
  • D A correção gramatical do texto seria mantida se o vocábulo “que” (primeiro período do quarto parágrafo) fosse substituído por onde.
  • E O pronome “nossos” em “nossos comportamentos” (segundo período do quarto parágrafo) tem valor demonstrativo.