Um grave problema social
A violência urbana é um fenômeno social que tem se espalhado com grande velocidade nas cidades. A raiz desse problema pode estar no modo como a sociedade está estruturada, quais são seus valores culturais, sociais, morais padrões econômicos e também ideologia política.
No Brasil, por exemplo, pode-se dizer que a violência urbana se agravou nos últimos anos por conta da ausência do Estado e de outras instituições assistenciais, que não têm fornecido o básico para que as pessoas tenham condições de sobreviver.
O descaso com a educação, saúde e segurança pública, aumento das taxas de desemprego, narcotráfico, políticas armamentistas, discurso de ódio e tantos outros, são alguns dos exemplos.
Vale lembrar que a violência urbana não é um fenômeno limitado às grandes metrópoles. Infelizmente, esse problema já chegou nas cidades do interior e pequenos centros urbanos.
Cada dia que passa fica mais comum assistirmos os meios de comunicação noticiando as explosões nos caixas de bancos, sequestros, assaltos a mão armada, homicídios, feminicídios, estupros e tantas outras formas de violência.
Para piorar, em muitos casos a violência parte da instituição responsável por garantir a proteção dos cidadãos: a polícia. Engana-se quem pensa que esse fenômeno é exclusivamente brasileiro, tendo em vista que esse comportamento se repete em outros países. Praticamente incontrolável, a condição carece de uma saída eficiente.
Entendendo a violência urbana
Dentro do campo sociológico, a violência urbana e todos os outros tipos de violência podem ser consideradas como um elemento inerente a toda e qualquer sociedade.
O sociólogo Emile Durkheim afirmou que a violência devia ser analisada sob a perspectiva de fato social, decorrente de fatores como a desigualdade, condições financeiras e sociais, e seu uso provém da necessidade de poder que os indivíduos de uma determinada realidade têm.
Muitas vezes, as instituições a utilizam, de forma legítima, como mecanismo de coerção, como é o caso da polícia, que já foi citada aqui. Independentemente da “justificativa”, a violência está presente em todos os âmbitos, com destaque para os espaços urbanos.
O grande problema está em tentar compreender o fenômeno, suas causas, e o porquê desse caminho ser utilizado para a resolução de quaisquer que sejam as situações.
Por que uma “fechada” no trânsito se transforma em uma discussão mais violenta? Por que uma discussão no bar se transforma em assassinato? Por que o fim de um relacionamento resulta em feminicídio? Por que um grupo de pessoas está mais sujeito a ser agredido ou morto? O que está por traz das motivações?
Essas perguntas são feitas pelas ciências sociais para que seja possível não só compreender a complexidade que há nessas reações, mas também para dar soluções para a incidência da violência urbana.
Dentre as diversas causas, é claro que não dá para negligenciar alguns aspectos que influenciam as relações sociais e como a sociedade está estabelecida. A pobreza, racismo, divisão de classes, machismo, todos esses fatores são estruturantes e potencializam a violência.
Quando se tem uma sociedade que já é construída sob esses pilares, na qual já existe uma ramificação entre as camadas sociais e ela determina o que cada um desses conjuntos têm acesso (inclusive a segurança), são os órgãos públicos que devem criar meios de garantir a seguridade e bem-estar dos que não têm como financiar isso.
Porém o que se tem visto, ao menos aqui no Brasil, é que as instituições estão tão enfraquecidas e sucateadas que elas não conseguem prover isso. Quanto mais pobres e mais excluídos socialmente, mais expostos à violência urbana essas pessoas ficam. E conhecendo apenas a violência, muitos acabam por reproduzi-la.
Violência institucionalizada
Muitas pessoas defendem que a violência e o aumento nas taxas de criminalidade decorrem somente do enfraquecimento das forças policiares. Porém, é importante destacar aqui alguns dados: de acordo com informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a polícia do Brasil é a que mais mata.
Além de mortes em conflito armado, há também as execuções sumárias e os inúmeros casos de violência policial que aparecem nos noticiários. Geralmente, ocorrem dentro das periferias e favelas das cidades.
É claro que investir na força policial, no sentido de prover melhores condições e instrumentos de trabalho, pode ter bons resultados. Porém, de nada adianta fornecer esses recursos, se não houver um preparo específico para que esses profissionais possam lidar com as situações de risco diário.
Além disso, é muito importante que o combate a violência esteja lado a lado com o incentivo à educação, cultura e lazer, meios de acesso à igualdade social.