Grupos de pessoas que se unem por identificação
O conceito de tribos urbanas é atribuído pelo sociólogo francês Michel Maffesoli. Segundo sua teoria, as tribos urbanas podem ser classificadas como grupos de pessoas que se unem com base em interesses em comum, hábitos, ideias similares, maneiras de se vestir ou mesmo gosto musical semelhante.
Dessa forma, as tribos são formadas pelos laços de identificação ou características que os indivíduos de determinado grupo compartilham. São exemplos os funkeiros, punks, otakus, emos, geeks e muitos outros.
Como o próprio nome diz, o agrupamento é específico dos espaços urbanos, que se formam nas cidades, fato que se deve, principalmente, pelo acesso aos meios de comunicação e ao contato com diferentes culturas, muito comum nas metrópoles.
Desde o período em que a expressão foi criada, muitas tribos urbanas surgiram e outras desapareceram ou ganharam novas roupagens, com estéticas próprias. Conheça algumas particularidades desses grupos.
Características das tribos urbanas
Os estudos sobre as tribos urbanas se fortaleceram na segunda metade do século XX. De uma forma muito simplista, a mídia passou a tachar esses grupos, limitando-os a um coletivo de pessoas estranhas, exóticas, diferentes, que se vestem de forma divertida, ou utilizavam uma série de adjetivos que descaracterizavam o movimento.
O que os veículos de comunicação “esqueciam” é que as tribos eram formadas por pequenas comunidades, mas com fortes ligações afetivas e o mais importante, que estar em uma tribo significava que aquele indivíduo fazia parte de algo. Seja por identificação com o espaço da cidade, pelas atividades que desenvolviam, modo de falar, de se vestir, ideologia, enfim, aspectos sociais e culturais afins. Pode-se dizer que são características de todas as tribos urbanas:
Sensação de pertencimento – esse é provavelmente o aspecto de maior destaque quando se trata desse assunto, principalmente quando se leva em consideração que a maioria das tribos são formadas por pessoas jovens, que a todo o momento estão buscando fazer parte de algo para não ficar isolado do mundo.
Coletividade – um traço de indivíduos que têm interesses em comum. Essa é uma característica bem “óbvia” desses grupos. Um grupo com senso de coletividade pensa na comunidade como um todo.
Estética própria – Muitas tribos podem ser identificadas por meio do vestimenta e acessórios, como é o caso da tribo punk, tribo de motoqueiros, hippie.
Diversidade – Mesmo em um grupo com muitas características comuns, as tribos também respeitam o direito à liberdade de expressão.
Da mesma forma que as tribos urbanas trazem consigo muitos benefícios, possuem também uma carga negativa: o preconceito. Como explicitado acima, logo quando surgiram as tribos, esses grupos sofreram para lutar contra o estereótipo do “exótico”.
Além disso, alguns grupos não são bem aceitos socialmente, como os funkeiros, por exemplo. Por ser uma tribo oriunda das favelas do Brasil, as pessoas tendem a olhar para essas pessoas de forma preconceituosa.
As próprias tribos também têm seus problemas. Muitas vezes, quem pertence a um grupo tende a achar que os que não fazem parte dele são inferiores, agindo até, de forma violenta.
Exemplos de tribos urbanas
São muitos os exemplos de tribos no Brasil e no mundo e por conta da globalização, esse número pode crescer ainda mais. São exemplos de tribos urbanas:
Funkeiros – a tribo do funk surgiu juntamente com esse estilo musical, que tem origem nas favelas em 1970, no Rio de Janeiro. Além de se identificar com as letras das músicas, os funkeiros são caracterizados pelo uso de acessórios como correntes de ouro, roupas de marcas famosas e ostentação.
Hipsters – o termo “hipster” foi criado na década de 1940 e está relacionado às pessoas que vivem um estilo de vida alternativo, diferente do que vive a grande massa. Ou seja, é voltado para quem gosta da música alternativa, mantém um estilo mais vintage, consome literatura, cinema, artes visuais.
Nerds – a terminologia surgiu em 1951 e é utilizada para configurar um grupo de pessoas que gostam de leitura, ciências, quadrinhos, séries, tecnologia, são altamente intelectuais, porém têm poucas habilidades sociais.
Otakus – o termo “otaku” surgiu no Japão e é utilizado para designar os amantes de anime e história em quadrinho japonesa. Os otakus se reúnem em eventos e se fantasiam de seus personagens favoritos, além disso, eles se interessam por tudo o que existe na cultura japonesa, como a música, comida, roupas.
Também são exemplos de tribos: góticos, hippies, patricinhas, playboys, skatistas, surfistas, metaleiros, drag queens, tribo do hip hop, clubbers, skinheads, punks, motoqueiros, roqueiros, grunges, rastafári, steampunk, emos, bikers, geeks, veganos, dorks, cosplayers, indies e muitos outros.