Resumo de Sociologia - Materialismo Histórico

Um conceito filosófico e sociológico


A definição de materialismo histórico passa pelo entendimento do que seria o materialismo. Para quem não está familiarizado com o assunto, a concepção materialista afirma que a matéria é essencial para a formação do ser humano, dos fenômenos naturais, sociais, históricos, mentais, culturais e de todas as coisas. Nesse sentido, a matéria precede o pensamento. 
O materialismo surgiu justamente como uma contraposição ao idealismo. Pois, enquanto o primeiro afirma que a matéria forma a realidade em que vivemos, o segundo crê que a realidade é modelada pelas ideias. 
O materialismo histórico segue a mesma premissa materialista: o sujeito social está condicionado a sua condição material. Ou seja, não são as ideias ou a sua consciência que determinam o seu ser, mas sua situação material que define sua consciência. Da mesma forma, o modo de produção econômico determina o desenvolvimento sociocultural e histórico de uma sociedade. 
Essa concepção social e filosófica foi desenvolvida por Karl Marx e Friedrich Engels, dois filósofos alemães. O conceito foi desenvolvido quando a Revolução Industrial já havia se espalhado por toda a Europa, durante os séculos XVII e XVIII. Foi nesse cenário, caracterizado pela ascensão da burguesia que eles buscaram entender como se davam as novas relações sociais. 
O que Marx e Engels notaram foi que essa classe social se tornou mais forte e dominante, controlando todo o poder político e econômico e os meios de produção. Os filósofos também identificaram que do outro lado da moeda estava a classe proletária, que vendia sua força de trabalho para garantir a sobrevivência. 
Desse modo, o materialismo histórico se propõe a buscar a origem e questionar essa relação desigual e impulsionar a tomada de consciência de classe trabalhadora.

O materialismo histórico de Marx e Engels

Karl Marx e Friedrich Engels são os principais teóricos que discutem o materialismo histórico. Ambos tiveram a oportunidade de presenciar o crescimento de fábricas e indústrias, e o processo de urbanização, que veio acompanhado pelo crescimento da desigualdade social, juntamente com inchamento dos espaços urbanos. 
Estava claro que essa nova configuração social se relacionava com a desigualdade econômica das diferentes camadas sociais. Para o materialismo histórico esses fenômenos sociais tinham respostas nos meios materiais. Sendo assim, em uma sociedade capitalista os sujeitos são moldados de acordo com a sua situação material ou econômica e por isso eles estarão submetidos a realidades materiais diferentes.
Para compreender o materialismo histórico, Marx se apropria de outro conceito, o da dialética, que em uma definição bem genérica refere-se ao conflito causado pela contradição entre teorias. Ela é constituída por quatro elementos fundamentais:
  • O materialismo se contrapõe ao idealismo de Hegel;
  • O ser humano determina a consciência;
  • A matéria não é imóvel, mas sofre transformações e está sempre se modificando e influenciando a vida das pessoas;
  • O questionamento das contradições dos fatos e da matéria. 
A dialética marxista afirma que o indivíduo modifica sua história através da práxis, ou da ação, são as práticas do dia a dia que fazem a mudança e não as ideias. Quando o homem modifica a matéria, aí ele constrói um outro pensamento e pode formar sua realidade. Daí que se origina a luta de classes e faz da dialética a base filosófica para o materialismo histórico. 
Em um contexto no qual a classe burguesa detém os meios de produção e classe proletária recebe um salário para oferecer sua força de trabalho, a mudança só vai ocorrer através de uma ação ou uma revolta. A menos que a classe trabalhadora faça esse exercício, a classe dominante vai continuar no poder explorando os seus empregados. 

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Principais características do materialismo histórico


É possível definir alguns elementos da concepção materialista histórica:
  • O materialismo histórico buscou entender as relações entre o trabalho e a produção de bens materiais ao longo da história;
  • O homem vai viver suas relações sociais segundo as relações econômicas, ele não tem autonomia. Essa afirmação é validada ao observarmos os períodos históricos. Por exemplo, na Idade Contemporânea, a sua relação econômica define se você é patrão ou proletário, na Idade Média, definia se você era servo ou senhor; 
  • As ideias não influenciam a vida social. O Idealismo não consegue realizar nada que de fato modifique a sociedade, só a práxis;
  • A evolução histórica acompanha a sucessão dos modos de produção;
  • O trabalho media as relações sociais durante toda a história da humanidade.

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