O que é, tipos e efeitos
A marginalização é o resultado dos processos sociais, políticos e econômicos que conduzem os indivíduos para condições de exclusão, ou seja, os impedem de fazer parte de determinados grupos e ter acesso a direitos básicos, como saúde, educação e moradia.
Desde a sua origem, o Brasil é marcado pelas desigualdades sociais e segregação de uma parte significativa da população. Hoje, mesmo com o desenvolvimento de políticas públicas, o país ainda possui os piores indicadores de renda, escolaridade e distribuição de serviços. De acordo com dados do IBGE, divulgados em maio de 2020, mais de 170 mil brasileiros entraram para a chamada linha da pobreza em 2019, resultando em um total de 13,5 milhões de pessoas em situação de miséria.
Marginalização: relação com a desigualdade social
Para sociólogos como Robert Castel, um dos autores da obra “Desigualdade e a Questão Social”, a marginalização é um tipo de exclusão motivada pela desigualdade social. E fatores como a escassez e precarização do trabalho, vulnerabilidade socioeconômica e invisibilidade dentro da sociedade demonstram as dificuldades de mudança para os sujeitos em tal condição.
Acredita-se que a exclusão social é uma das consequências do capitalismo, pois as pessoas são definidas e separadas por classes. Além disso, nesse sistema, o trabalho é um dos principais meios de inserção social. Mas, para acessá-lo, é preciso alguns preparos, a exemplo dos educacionais. Logo, quem não consegue esses atributos acaba na marginalidade e a ele é destinado apenas os subempregos ou a informalidade.
Outra forma de desigualdade que leva a marginalização envolve a questão da moradia. Diante da falta de dinheiro e capacitação para ocupar uma vaga no mercado de trabalho, muitos são obrigados a residir longe dos centros urbanos – lugares que geralmente não possuem saneamento básico, coleta adequada do lixo, postos de saúde e outras infraestruturas.
Fora as precariedades externas, segundo levantamento feito pela Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) em 2019, mais de 40 milhões de pessoas moram em casas feitas de madeira ou sem banheiro no Brasil.
Tipos
O processo de exclusão atinge diferentes esferas da sociedade e, com isso, também desencadeia algumas formas de marginalização. Entre elas, destacam-se:
Marginalização espacial: refere-se à atribuição de valores negativos a certos lugares, como favelas e subúrbios. Este tipo de segregação contribui para manutenção de preconceitos e discriminações não apenas em relação às localidades, mas especialmente dos seus moradores e frequentadores.
Marginalização cultural: diz respeito à rejeição de certas culturas e retirada dos espaços de visibilidade e reconhecimento. Entre os exemplos encontram-se o grafite e o funk, manifestações que foram historicamente marginalizadas. De origem periférica, esses gêneros não são considerados de forma unânime como artísticos e ainda enfrentam as tentativas de criminalização.
Marginalização racial: conceito atrelado à exclusão por motivações étnicas. No Brasil, por exemplo, os negros e pardos são os mais afetados pela violência urbana e doméstica, desemprego, falta de escolaridade e acesso à saúde, entre muitos outros agravantes. A pesquisa do IBGE, chamada “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça”, aponta que para cada quatro pessoas inclusas nos grupos que possuem maiores rendas, três são brancas e apenas uma é preta ou parda.
Marginalização infantil: este é um dos problemas sociais mais graves, sobretudo em países subdesenvolvidos. O processo de exclusão já começa na fase inicial da vida, pois geralmente essas crianças têm pais em situação de extrema pobreza ou dependência química. Por isso, elas muitas vezes são condicionadas ao trabalho infantil, prostituição e tráfico de drogas, ou crescem em situação de rua.
Cenário brasileiro
No Brasil, os municípios que apresentam os maiores índices de exclusão social estão na região Norte, a exemplo da cidade de Uiramutã, em Roraima, e Nordeste. Essas áreas concentram as piores condições de vida, como pobreza e analfabetismo. As regiões Sul e Sudeste não saem ilesas, mesmo sendo as mais desenvolvidas do país. Nesses lugares, a marginalização é em decorrência do altos níveis de desemprego e violência.
As desigualdades também são reveladas entre as minorias sociais. Desses grupos, mulheres e negros estão entre os mais atingidos pelas taxas de desemprego. Em relação à comunidade LGBTQIA+, as travestis e transexuais são as mais excluídas do mercado de trabalho. Diante de poucas oportunidades, motivadas principalmente pela falta de uma legislação trabalhista específica, muitas acabam recorrendo à prostituição.