1. Interpretação vs. Compreensão de Textos:
- Compreensão: Refere-se à análise do que está explicitamente dito no texto. É a decodificação da mensagem, identificando informações, dados e ideias principais que o autor apresentou diretamente. Perguntas de compreensão geralmente começam com "Segundo o texto...", "O autor afirma que...".
- Interpretação: Vai além do que está escrito. Envolve a capacidade de fazer inferências, ou seja, chegar a conclusões não explicitadas diretamente, mas que podem ser deduzidas a partir das informações textuais e do conhecimento de mundo do leitor. Também abrange a identificação da intenção do autor, de ironias, ambiguidades e a relação do texto com outros contextos. Perguntas de interpretação podem ser "Depreende-se do texto que...", "Infere-se que...", "Qual a intenção do autor ao afirmar que...?".
2. Tipologia Textual (Tipos de Texto):
Refere-se à forma como um texto se organiza, sua estrutura e finalidade predominante. Os principais tipos são:
- Narração:
- Objetivo: Contar uma história, um fato (real ou fictício).
- Elementos: Enredo (sequência de ações), personagens, tempo (quando), espaço (onde), narrador (quem conta).
- Exemplos: Contos, fábulas, romances, notícias (parte narrativa).
- Descrição:
- Objetivo: Apresentar as características de um ser, objeto, lugar ou cena, criando uma imagem mental no leitor.
- Características: Uso de adjetivos, verbos de ligação, percepções sensoriais. Não há progressão temporal marcante.
- Exemplos: Retratos (literários), classificados (descrição de imóveis/produtos), laudos técnicos.
- Dissertação:
- Objetivo: Expor ideias, analisar e discutir um tema.
- Subtipos:
- Expositiva: Apresenta informações sobre um assunto, explica conceitos, sem a intenção de persuadir, apenas informar. (Ex: verbetes de enciclopédia, alguns textos jornalísticos informativos, aulas).
- Argumentativa: Defende um ponto de vista (tese) sobre um tema, utilizando argumentos consistentes para convencer o leitor. (Ex: artigos de opinião, editoriais, cartas argumentativas, redações de vestibular/concurso).
- Injunção (ou Instrucional):
- Objetivo: Orientar, instruir, dar ordens ou conselhos, buscando influenciar o comportamento do leitor.
- Características: Uso de verbos no imperativo ou infinitivo, linguagem objetiva e clara.
- Exemplos: Manuais de instrução, receitas culinárias, leis, regulamentos, propagandas (parte que chama à ação).
Obs.: É comum que um texto apresente características de mais de uma tipologia, mas geralmente uma delas predomina. Os gêneros textuais são as manifestações concretas e socialmente reconhecidas dessas tipologias (ex: uma notícia é um gênero que pode ter trechos narrativos e descritivos, mas sua função principal é informar).
3. Significação Literal e Contextual de Vocábulos:
- Denotação (Sentido Literal): É o significado básico, dicionarizado da palavra, objetivo e comum a todos os falantes. Ex: "O coração bombeia sangue para o corpo." (coração = órgão).
- Conotação (Sentido Figurado/Contextual): É o significado que uma palavra ou expressão adquire em um contexto específico, carregado de subjetividade, emoção ou associações culturais. Ex: "Ele agiu com o coração." (coração = sentimento, emoção). Em concursos, é crucial identificar quando uma palavra está sendo usada em seu sentido literal ou figurado, pois isso afeta a interpretação do texto.
4. Coesão Textual:
Refere-se aos mecanismos linguísticos que estabelecem a conexão lógica e harmônica entre as diferentes partes de um texto (palavras, frases, orações, parágrafos), garantindo a sua unidade formal. A coesão evita repetições desnecessárias e torna o texto mais fluido e claro. Principais mecanismos de coesão:
- Coesão Referencial:
- Anáfora: Retoma um termo já mencionado (Ex: "João chegou. Ele parecia cansado." - "Ele" retoma "João").
- Catáfora: Antecipa um termo que será mencionado (Ex: "Só desejo isto: sua felicidade." - "isto" antecipa "sua felicidade").
- Elipse: Omissão de um termo facilmente subentendido (Ex: "Maria foi à feira; Pedro, ao mercado." - omissão de "foi").
- Substituição Lexical: Uso de sinônimos, hiperônimos (termo mais geral), hipônimos (termo mais específico) para evitar repetição. (Ex: "O leão escapou. O felino foi recapturado.").
- Coesão Sequencial (ou por Conexão): Utiliza conectivos (conjunções, preposições, advérbios e locuções adverbiais) para estabelecer relações de sentido entre as orações e parágrafos (causa, consequência, tempo, oposição, adição, conclusão, etc.). Ex: "Estudou muito, portanto, foi aprovado."
5. Coerência Textual:
É a relação lógica e harmônica das ideias dentro de um texto, que lhe confere sentido e o torna compreensível e interpretável. A coerência é a "lógica interna" do texto, a ausência de contradições entre suas partes e entre o texto e o conhecimento de mundo do leitor. Enquanto a coesão se preocupa com a conexão superficial (gramatical), a coerência trata da conexão profunda (de sentido).
- Fatores que contribuem para a coerência:
- Não contradição interna: As ideias apresentadas não podem se contradizer.
- Não contradição externa: O texto não deve contradizer o conhecimento de mundo compartilhado (a menos que seja intencional, como na ficção).
- Relevância: As ideias devem ser relevantes para o tema central.
- Progressão temática: O texto deve apresentar novas informações de forma organizada, fazendo o tema evoluir.
- Focalização: Manutenção de um foco temático.
A coesão é um importante instrumento para a construção da coerência, mas não é o único. Um texto pode ter elementos coesivos e ainda assim ser incoerente se as ideias forem desconexas ou contraditórias.