Leia o texto a seguir e responda à questão:
Uma manhã, em São Paulo, com grande surpresa minha, convidou-me meu pai a ir à cidade e, dirigindose a um cartório de tabelião, mandou lavrar escritura de minha emancipação. Tinha eu dezoito anos. De volta à casa, chamou-me ao escritório e disse-me: “Já lhe dei hoje a liberdade; aqui está mais este capital”, e entregou-me títulos no valor de muitas centenas de contos. “Tenho ainda alguns anos de vida; quero ver como você se conduz: vai para Paris, o lugar mais perigoso para um rapaz. Vamos ver se você se faz um homem; prefiro que não se faça doutor; em Paris, com o auxílio de nossos primos, você procurará um especialista em física, química, mecânica, eletricidade, etc., estude essas matérias e não se esqueça que o futuro do mundo está na mecânica. Você não precisa pensar em ganhar a vida; eu lhe deixarei o necessário para viver…”
Trecho extraído da obra “O que vi, o que nós veremos”, de Santos Dumont, 1918.
Assinale a alternativa que apresenta a interpretação mais adequada ao sentido central do texto.
- A Santos Dumont faz uma descrição onírica de sua passagem ao mundo da mecânica, havendo, no texto, expressões implícitas de sua experiência ilusória em Paris.
- B O autor resume de forma breve as palavras e atitudes do pai no início de sua vida adulta: atitudes que se tornaram decisivas para o desenvolvimento de sua invenção.
- C Alberto Santos Dumont descreve de forma impiedosa o caráter de seu pai e a forma como foi emancipado prematuramente, tendo consequências desastrosas para ele.
- D Há no texto referências explícitas à disputa entre Santos Dumont e outros inventores antes da invenção da aeronave, que concorreram para o sucesso do autor
- E O contexto de guerra e terror se faz presente de forma indelével no texto, principalmente no trecho “o futuro do mundo está na mecânica”.