Leia o texto a seguir, intitulado “Diálogo filosófico”, de autoria de Carlos Drummond de Andrade (in: ANDRADE, C. D. et alii. Tempos de escola. São Paulo: Boa Companhia, 2015, p. 63):
– As coisas não são o que são, mas também não são o que não são – disse o professor suíço ao estudante brasileiro. – Então, que são as coisas? – inquiriu o estudante. – As coisas simplesmente não. – Sem verbo? – Claro que sem verbo. O verbo não é coisa. – E que quer dizer coisas não? – Quer dizer o não das coisas, se você for suficientemente atilado para percebê-lo. – Então as coisas não têm um sim? – O sim das coisas é o não. E o não é sem coisa. Portanto, coisa e não são a mesma coisa, ou o mesmo não. O professor tirou do bolso uma barra de chocolate e comeu um pedacinho, sem oferecer outro ao aluno, porque o chocolate era não.
Assinale a afirmativa INCORRETA feita a propósito do texto:
- A As divagações de ordem filosófica, sejam elas quais forem, não têm predominância sobre necessidades mais prementes, como a fome, por exemplo.
- B O homem brasileiro, representado pelo estudante, é intelectualmente inferior ao europeu, representado pelo professor-filósofo suíço.
- C Ao dizer que “o verbo não é coisa”, o professor está correto, pois afinal a classe de palavra que se refere aos objetos do mundo é o substantivo.
- D Há uma ironia em relação a determinado tipo de ensinamento que privilegia o abstrato e não o que se refere ao dia a dia do estudante.
- E Os travessões são também usados para isolar a fala do personagem da fala do narrador do texto.