Questão 3 Comentada - Tribunal Regional do Trabalho - 20ª REGIÃO (SE) Técnico Judiciário Área Apoio Especializado Especialidade Tecnologia da Informação - FCC (2024)

Hollywood dentro de nós


   A cultura norte-americana, mais do que qualquer outra, vive e pensa a coletividade como um conjunto de indivíduos. Para um europeu ou um sul-americano, comemorar, explicar e mesmo narrar um acontecimento é, no mínimo, problemático sem explorar sua dimensão propriamente social: o encontro ou a luta de ideias, classes, nações, grupos, grandes interesses econômicos, etc.

   Hollywood, com a força de seu cinema, só podia nascer numa cultura em que, seja qual for a dimensão social dos fatos, toda experiência toma a forma de uma história de aventuras. Nesse tipo de cultura, qualquer história de vida promete um roteiro de filme.

   Criticamos ou desprezamos Hollywood pelas simplificações, pelos silêncios e pelas ignorâncias, talvez inevitáveis, ao reduzir a complexidade da história às andanças singulares dos indivíduos. Mas, no fundo, essa crítica se endereça a nós mesmos. Defendemos um entendimento do mundo em que causas e conflitos coletivos são mais importantes que a epopeia dos indivíduos. No entanto, a crítica do reducionismo de Hollywood é a maneira que encontramos para reprimir uma dimensão crucial da nossa própria experiência: o mundo nos interessa só porque constitui o cenário da aventura das nossas vidas. Hollywood, desprezada, cativa-nos e fascina-nos porque glorifica um individualismo que é o nosso. Portanto, mesmo envergonhados, entremos no cinema.


(Adaptado de: CALLIGARIS, Contardo. Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha. 2008, p. 322-323)


No 3° parágrafo afirma-se que nossa crítica às simplificações de Hollywood

  • A reflete uma necessidade de reprimir um individualismo que é também nosso.
  • B desvia-nos da possibilidade de reconhecermos melhor seus temas centrais.
  • C apoia-se no fato de que definitivamente rejeitamos toda prática individualista.
  • D justifica-se porque elas nos ajudam a vencer nossas próprias simplificações.
  • E recusa-se a hipótese de que nossa história tenha um caráter aventureiro.