Preparativos de Viagem
Vários dos seus amigos mortos dão hoje nome a
ruas e praças.
Ele próprio se sente um pouco póstumo quando
conversa com gente jovem.
Dos passeios, raros, a melhor parte é a volta para
casa.
As pessoas lhe parecem barulhentas e vulgares.
Ele sabe de antemão tudo quanto possam dizer.
Nos sonhos, os dias da infância são cada vez
mais nítidos e fatos aparentemente banais do
seu passado assumem uma significância que intriga.
O vivido e o sonhado se misturam agora sem lhe causar espécie.
É como se anunciassem um estado de coisas
cuja possível iminência não traz susto.
Só curiosidade. E um estranho sentimento de justeza.
(Adaptado de: PAES, José Paulo. Melhores poemas. São Paulo, Global Editora, 7ª edição, 2012, edição digital)
A respeito do homem [“ele”] de que se fala no poema, pode-se afirmar corretamente:
- A A possibilidade de deparar com uma situação imprevista causa-lhe temor.
- B Sente-se entusiasmado ao conversar com pessoas que lhe despertam a curiosidade.
- C O que mais aprecia dos poucos passeios que faz é o retorno à casa.
- D O período da infância parece-lhe tanto mais lúdico à medida que envelhece.
- E A incompreensão a respeito de momentos decisivos do passado o constrange.