O pavão
Rubem Braga
Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com um mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz do teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.
(Crônicas Escolhidas)
Leia:
“Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com um número mínimo de elementos”.
Sobre esse trecho, pode-se afirmar que
- A o exímio artista carece de muitos e variados elementos para produzir uma arte luxuosa.
- B o auge da combinação de cores alcançado pelo grande artista está na utilização que ele faz de um ínfimo de elementos.
- C a maestria do grande artista está na sua capacidade de gerar cores perfeitas a partir de uma variação de elementos simples.
- D para o autor, o luxo do grande artista se mostra somente na capacidade deste de atingir o auge da combinação de cores.