Questão 2 Comentada - Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE-SP) - Engenheiro Mecânico - FCC (2018)

Simbolismo da água: aspectos rituais

Numa fórmula sumária, pode-se dizer que as águas simbolizam a totalidade das virtualidades; elas são “fons et origo”, fonte e origem, a matriz de todas as possibilidades de existência. “Àgua, tu és a fonte de todas as coisas”, diz um texto indiano. As águas são os fundamentos do mundo inteiro: elas são, nas mais variadas culturas, a essência da vegetação, o elixir da imortalidade, asseguram longa vida, força criadora, são o princípio de toda cura etc. etc.

Princípio do indiferenciado e do virtual, fundamento de toda manifestação cósmica, receptáculo de todos os gérmens, as águas simbolizam a substância primordial de que nascem todas as formas e para a qual todas voltam. O contato com a água implica sempre regeneração: por um lado, porque à dissolução segue um novo nascimento; por outro lado, porque a imersão fertiliza e aumenta o potencial de vida e de criação. A água confere um “novo nascimento” por um ritual iniciático, cura por um ritual mágico, assegura o renascimento “post mortem” por rituais funerários.

O caminho para a origem das águas e a sua obtenção implicam uma série de provas e desafios, exatamente como na busca aventurosa da “árvore da vida”. No Apocalipse, os dois símbolos encontram-se lado a lado: “Ele mostrou-me, em seguida, o rio da água da vida, límpida como cristal, que brota do trono de Deus. E nas duas margens do rio cresce a árvore da vida”. O simbolismo imemorial e ecumênico da imersão na água como instrumento de purificação e de regeneração foi aceito pelo cristianismo e enriquecido por novas valências religiosas.


(Adaptado de ELIADE, Mircea. Tratado de história das religiões. Lisboa: Cosmos, 1977, p. 231-237, passim)



Considerando-se a redação e a estruturação desse texto, verifica-se que

  • A no primeiro parágrafo enumeram-se algumas das múltiplas virtudes da água em diferentes simbolizações e culturas.
  • B no segundo parágrafo explora-se a divergência entre o poder de regeneração e a faculdade de um novo nascimento, atribuídos à agua.
  • C no terceiro parágrafo fica claro que todas as atribuições simbólicas ao poder da água limitam-se aos primitivos ritos pagãos.
  • D o primeiro e o segundo parágrafo situam o simbolismo da água entre outros e variados simbolismos de um fundamento cósmico.
  • E o segundo e o terceiro parágrafo acabam por contradizer o que está ressaltado numa frase de um texto indiano, citada no primeiro parágrafo.