Leia o texto, para responder a questão.
China ultrapassa os EUA na produção científica
Pela primeira vez, a China superou os EUA em produção científica. Em 2020, instituições chinesas publicaram 788 mil artigos contra 767 mil das americanas. É possível relativizar esse dado.
A China tem uma população quatro vezes maior que a americana, de modo que a produção per capita dos EUA ainda é superior. A China também não tem ganhado tantos prêmios Nobel quanto os EUA, o que faz supor que, nas áreas mais relevantes, os americanos liderem. Tudo isso é verdade, mas o fato é que a ciência chinesa vem evoluindo de forma robusta. Nada indica que um apagão esteja próximo.
A questão é relevante para os economistas liberais, particularmente os da escola institucionalista*. Para eles, o crescimento sustentável só é possível quando as instituições políticas de um país são inclusivas e seus cidadãos gozam de liberdade para decidir o que farão de suas vidas e recursos. Isso ocorre porque a prosperidade duradoura depende de um fluxo constante de inovações, que resulte em ganhos de produtividade. Ainda segundo os institucionalistas, regimes autoritários, como o chinês, não asseguram a liberdade necessária para que ciência e tecnologia se desenvolvam.
É possível que tais economistas tenham razão e que a China, por um déficit de liberdade, não consiga manter o ritmo. Já vimos ditaduras colapsarem porque ficaram para trás na corrida tecnológica. O caso mais notório é o da URSS, que, embora tenha chegado a liderar a ciência espacial, não foi capaz de manter-se competitiva em outras áreas, com reflexos na economia. Mas não dá para descartar a hipótese de que os institucionalistas estejam errados. Não me parece em princípio impossível para um regime assegurar as liberdades necessárias para manter a ciência e a economia funcionando sem estendê-las à política. Ditaduras podem se reinventar.
*Corrente de pensamento econômico que analisa o papel instituições para o comportamento da economia.
(Hélio Schwartsman. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2021/12/china-ultrapassa-os-eua-na-producao-cientifica.shtml. 31.12.2021. Adaptado)
Para o autor, a posição defendida por economistas de que a ausência de instituições políticas livres compromete a prosperidade econômica
- A mostra-se acertada, dada a dificuldade que a China já demonstra para conseguir manter o crescimento vigoroso de sua economia.
- B é refutável, já que as barreiras ao progresso científico são da mesma natureza em ditaduras e em nações em que se tem liberdade.
- C é equivocada, ao vaticinar que, via de regra, a prosperidade econômica de uma nação demandaria inovação científica permanente.
- D despreza o fato de que, justamente por se tratar de regimes fechados, os dados econômicos de tais países não refletem a realidade.
- E é discutível, sendo possível a um governo conceder liberdades apenas o suficiente para manter a produção econômica e científica.