Questão 4 Comentada - Secretaria de Estado de Fazenda do Piauí (SEFAZ-PI) - Auditor Fiscal da Fazenda Estadual - FCC (2015)

A primeira coisa a observar sobre o mundo na década de 1780 é que ele era ao mesmo tempo menor e muito maior que o nosso. Era menor geograficamente, porque até mesmo os homens mais instruídos e bem informados da época − digamos, um homem como o cientista e viajante Alexander von Humboldt (1769-1859) − conheciam somente pedaços do mundo habitado. (Os mundos "conhecidos" de comunidades menos evoluídas e expansionistas do que a Europa Ocidental eram obviamente ainda menores, reduzindo-se a minúsculos segmentos da terra onde os analfabetos camponeses sicilianos ou o agricultor das montanhas de Burma viviam suas vidas, e para além dos quais tudo era e sempre seria eternamente desconhecido.) A maior parte da superfície dos oceanos, mas não toda, de forma alguma, já tinha sido explorada e mapeada graças à notável competência dos navegadores do século XVIII como James Cook, embora os conhecimentos humanos sobre o fundo do mar tenham permanecido insignificantes até a metade do século XX. Os principais contornos dos continentes e da maioria das ilhas eram conhecidos, embora pelos padrões modernos não muito corretamente. O tamanho e a altura das cadeias das montanhas da Europa eram conhecidos com alguma precisão, as localizadas em partes da América Latina o eram muito grosseiramente, as da Ásia, quase totalmente desconhecidas, e as da África (com exceção dos montes Atlas), totalmente desconhecidas para fins práticos. Com exceção dos da China e da Índia, o curso dos grandes rios do mundo era um mistério para todos a não ser para alguns poucos caçadores, comerciantes ou andarilhos, que tinham ou podem ter tido conhecimento dos que corriam por suas regiões. Fora de algumas áreas − em vários continentes elas não passavam de alguns quilômetros terra a dentro, a partir da costa − o mapa do mundo consistia de espaços brancos cruzados pelas trilhas demarcadas por negociantes ou exploradores. Não fosse pelas informações descuidadas de segunda ou terceira mão colhidas por viajantes ou funcionários em postos remotos, estes espaços brancos teriam sido bem mais vastos do que de fato o eram.


Observada a organização do texto, é plausível o que se afirma em:

  • A (linhas 10 a 13) O fato de os segmentos com alguma precisão, muito grosseiramente, quase totalmente desconhecidas e totalmente desconhecidas caracterizarem o mesmo núcleo - O tamanho e a altura das cadeias das montanhas - é que propicia o entendimento de que a série vai do grau mais exato ao menos exato.
  • B (linha 10) A expressão não muito corretamente suaviza o peso da real avaliação feita pelo autor, que, se estivesse explícita, teria necessariamente a forma "totalmente errada".
  • C (linha 1) O numeral em A primeira coisa a observar é marcador que impõe as seguintes pressuposições: a) há outros fatores a serem observados; b) essa primeira coisa a observar é, como em todos os contextos, a mais relevante.
  • D (linha 2) A delimitação operada pelo emprego de geograficamente faz supor a existência de outros critérios, além do geográfico, para se avaliar o tamanho do mundo, por exemplo, o critério demográfico.
  • E (linha 4) O emprego da palavra "conhecidos", se devidamente observadas as aspas que a acompanham, define a equivalência semântica entre "o mundo habitado na década de 1780" e "os mundos conhecidos".