Questão 2 do Concurso Câmara Municipal de Boituva - SP - Agente Administrativo - VUNESP (2020)

Leia o texto para responder a questão.

Computador doutor

No primeiro dia do ano, o periódico científico Nature apresentou estudo que amplia a confiança na aplicação de inteligência artificial (IA) ao campo de diagnósticos médicos. A tecnologia não vai revolucionar a prática clínica do dia para a noite, mas seria ingênuo duvidar que ganhe papel crescente.
O trabalho diz respeito à interpretação de mamografias, principal exame para detectar câncer de mama. Comparou- -se o desempenho de um sistema computadorizado com o de seis radiologistas especializados na busca de tumores precoces, ambos utilizando bancos com casos de quase 29 mil mulheres no Reino Unido e nos EUA.
O discernimento do computador não fez feio na comparação com os resultados obtidos pelos olhos e pela massa cinzenta de especialistas humanos. O programa logrou 5,7% menos falsos positivos e 9,4% menos falsos negativos, no caso das imagens americanas, e 1,2% e 2,7%, respectivamente, no tocante às britânicas.
A diferença entre os desempenhos com os dois conjuntos de dados pode ser atribuída à peculiaridade de, no Reino Unido, cada mamografia ser interpretada por dois radiologistas – e eventualmente um terceiro, caso haja necessidade de arbitrar divergências.
O estudo contou com financiamento do Google Health e colaboração de vários hospitais e instituições acadêmicas nos dois países.
Apesar da proeza, ninguém arriscaria prognosticar, por isso, que computadores substituirão em pouco tempo o especialista de carne e osso. Parece certo, por outro lado, que há neles potencial para diminuir a carga de trabalho de profissionais de saúde, em especial nos lugares em que haja carência deles.
No Brasil, realizaram-se em 2018 quase 2,5 milhões de mamografias, exame que o Ministério da Saúde recomenda, de dois em dois anos, para mulheres entre 50 e 69 anos. Apesar disso, há longas filas de espera no SUS, seja por falta de especialistas ou de aparelhos.
Estima-se que surjam a cada ano 60 mil novos casos de tumor de mama no país. Detectados precocemente, são tratáveis, resultando em longa sobrevida para as pacientes. Ainda assim, a modalidade da doença permanece como primeira causa de morte por câncer entre mulheres, com 16724 óbitos em 2017.
Mamógrafos móveis, transmissão de imagens e – por que não? – inteligência artificial podem ser poderosos aliados tecnológicos.

(Editorial. Folha de S.Paulo. 04.01.2020. Adaptado)


Para responder à questão, considere a passagem do primeiro parágrafo:
• A tecnologia não vai revolucionar a prática clínica do dia para a noite, mas seria ingênuo duvidar que ganhe papel crescente.

No desenvolvimento do texto, a ideia de que “A tecnologia não vai revolucionar a prática clínica do dia para a noite” é

  • A refutada, no 2º parágrafo, ao se comparar o desempenho de especialistas em tumores precoces na interpretação de dados ao de um sistema computadorizado.
  • B contestada, no 4º parágrafo, a partir da informação sobre a diferença quanto ao estágio de desenvolvimento e aplicabilidade dessa técnica nos EUA e no Reino Unido.
  • C reforçada, no 5º parágrafo, com a informação de que, inicialmente, a aplicação de tal tecnologia estará restrita aos hospitais e instituições acadêmicas nos EUA e Reino Unido.
  • D reiterada, no 6º parágrafo, com o posicionamento de que ninguém arriscaria vaticinar que computadores substituirão, em pouco tempo, especialistas humanos.
  • E posta em dúvida, no 7º parágrafo, com a introdução da informação de que existem longas filas de espera no SUS, por falta de especialistas ou de aparelhos.