Questão 2 do Concurso Secretaria de Estado de Fazenda do Piauí (SEFAZ-PI) - Auditor Fiscal da Fazenda Estadual - FCC (2015)

Como costumo dizer, estou a cada momento descobrindo o óbvio. É que, às vezes, o óbvio, por ser óbvio, esconde o mistério, ou, pelo menos, é o que me parece.
Uma das coisas óbvias que descobri é que muito troço na vida resulta, em boa parte, do acaso.
Sei que há pessoas que pensam o contrário, pois acreditam que tudo o que acontece já estava determinado. Acho isso difícil, quando mais não seja porque, sem falar no resto, só de gente no planeta há atualmente muitos bilhões. Já imaginou o que seria prever e determinar tudo o que deve ocorrer com essa quantidade de gente a cada minuto?
Bem, não vou discutir esse tema porque não é ele que me traz a essa conversa com você. Acho fascinante − ainda que um tanto assustador − o fato de que o que pode nos acontecer seja imprevisível. Faz da vida uma aventura, e o jeito é torcer por um "happy end".
Mas o melhor mesmo é não se preocupar com isso e deixar o barco correr solto. Isso não significa não tentar fazer com que tudo dê certo, ou seja, que busquemos o melhor, a felicidade, a alegria.
É como no futebol: a função do técnico é treinar o time para que faça mais gols do que leve. Assim na vida como no jogo


As principais ideias do trecho de Ferreira Gullar (FG) estão selecionadas e apresentadas de forma clara e fiel na seguinte formulação:

  • A Contrariamente a certas pessoas que não acreditam no acaso, FG crê que muito do que ocorre na vida seja fruto do imprevisível, e isso, a despeito do seu quê de assustador, o fascina, pois, segundo ele, faz da vida uma ventura, com a qual não devemos nos preocupar, ainda que nos esforcemos para que nela tudo dê certo.
  • B O fato de haver muitas pessoas que acreditam em forças superiores guiando a vida é contrário ao que pensa FG, pois ele opina a favor do acaso, imerso no mistério, cuja busca empreende costumeiramente; mesmo não querendo discutir o tema, que foge a seu escopo, acha fascinante torcer por um "happy end".
  • C FG discorre sobre o tema do fatalismo, ressaltando o fascínio da vida pelo que nela há de assustador, mas advoga que quem vive não deve se preocupar com isso, mas em imitar o jogo: vence aquele que faz mais gols, não o que leva mais gols, contrariamente ao que pensam certas pessoas fatalistas.
  • D FG assevera que é inerente ao óbvio esconder mistérios, e, por isso, ele frequentemente busca desvendá-lo; numa dessas incursões, descobriu que a maioria das pessoas acredita que, na vida, tudo está previamente determinado, ideia que ele rejeita por levar em conta a quantidade de gente do planeta.
  • E Lançando a ideia de que o óbvio deve ser cultivado, pelo seu caráter misterioso, FG acha difícil, pela indagação feita, que as coisas se deem por forças superiores, principalmente por acreditar que a vida tem muito de um jogo: ganha o que está mais bem treinado para vencer os obstáculos da existência.