Questões de Psicopatologia (Psiquiatria)

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Na 8ª edição de seu Tratado, Kraepelin extraiu duas formas distintas das demências precoces, designadas um ano antes por Breuler como Esquizofrenia, com conceitos muito amplos. Kraepelin então, introduziu formas de alterações cuja evolução não parecia seguir aos preceitos de Breuler. Essas formas eram a parafrenia e a paranoia. Sobre essas formas, as novas concepções diagnosticas correspondentes são:

  • A a parafrenia hoje corresponde à esquizofrenia de início tardio, com delírios bizarros e comportamento desorganizado. A paranoia corresponde ao Transtorno Delirante Crônico, com delírio monotemático e preservação da afetividade.
  • B a parafrenia hoje corresponde à esquizofrenia de início precoce, com delírios bizarros e comportamento desorganizado. Já a paranoia corresponde ao Transtorno Psicótico Agudo esquizofreniforme, com preservação da afetividade.
  • C a parafrenia hoje corresponde ao Transtorno Delirante Crônico, de início tardio, com delírios e alucinações auditivas. Já a paranoia corresponde à esquizofrenia de início tardio, com delírios persecutórios, com prejuízo da afetividade.
  • D a parafrenia hoje corresponde ao Transtorno Delirante de início precoce, com delírios persecutórios e comportamento desorganizado. Já a paranoia corresponde à esquizofrenia com delírios bizarros e prejuízo da afetividade.

Leia os casos a seguir.


CASO 1
Paciente M.T, 35 anos, previamente hígido, estudante de Medicina, chega ao ambulatório dizendo que anda muito preocupado com a situação do Brasil, pois quando ele fora Presidente do Brasil anos atrás, havia gerado muita riqueza para o Brasil. Diz que teve um mandato de dois anos, pois seu sucesso era enorme, e as pessoas, com medo de seu poder, o perseguiram e o tiraram do cargo. Hoje as pessoas querem persegui-lo novamente, e exterminá-lo por isso. Diz que se lembra claramente de quando tomou posse como presidente, com pessoas o fotografando, e depois exibindo suas fotos nas redes sociais. A família nega tais ocorridos.


CASO 2

Paciente J.M, 68 anos, policial militar aposentado há dois anos, chega trêmulo ao consultório, com dificuldade na marcha, acompanhado da família, que relata que ele há dias fica “inventado histórias mirabolantes” sobre coisas que supostamente ele teria feito no passado, mas que nunca ocorreram. Dizia que fora melhor Presidente do Brasil, e que se lembra com saudade dessa época. Refere que mudou o país em 4 anos e só saiu porque se cansou do trabalho. Ao ser novamente questionado, muda sua versão, referindo que fora senador, e não presidente, por 8 anos. Após ser novamente questionado, muda novamente sua versão, dizendo que fora presidente e senador. Tem história pregressa de diabete e hipertensão arterial de difícil controle. A família revela que por vezes se esquece dos dias da semana e dos nomes das pessoas, voltando a lembrar horas depois.


Levando em consideração que ambos os pacientes apresentam prejuízos mnêmicos, as alterações de memória que cada um apresenta, com suas justificativas psicopatológicas correspondentes são, respectivamente,

  • A pseudoalucinação mnêmica (como base de atividade delirante) e confabulação (por alteração da consciência).
  • B confabulação (como base de atividade delirante) e alucinação mnêmica (por alteração da consciência).
  • C alucinação mnêmica (como base de atividade delirante) e confabulação (por alteração da consciência).
  • D ilusão mnêmica (como base de atividade delirante) e alucinação mnêmica (por alteração da consciência).

Leia o texto a seguir.


A agorafobia é caracterizada pelo medo ou ansiedade em múltiplas situações públicas, sejam elas entre multidões ou simplesmente estando sozinhas. Mais especificamente, pacientes com agorafobia temem esses ambientes porque sentem que, se desenvolvessem uma condição assustadora ou humilhante, seriam incapazes de obter ajuda ou escapar rapidamente do ambiente. O medo ou ansiedade é, de acordo com o DSM-5, “fora de proporção” com relação à ameaça real. Os pacientes também podem ter outros sintomas psicossomáticos, muitas vezes gastrointestinais ou autônomos, associados ao medo ou à ansiedade. Essa combinação de medo e sintomas psicossomáticos leva a uma grande disfunção em vários aspectos da vida.


Dessa forma, a característica primordial do paciente com agorafobia é/são

  • A os ataques de pânico constantes e inevitáveis.
  • B o comportamento de evitação frequente.
  • C a ansiedade antecipatória com relação a eventos futuros.
  • D a ansiedade frente às ameaças iminentes.

Leia o caso a seguir.


Paciente A., 15 anos, iniciou tratamento em unidade de saúde mental, com queixas de muita “ansiedade” na escola. A mãe relata que ele sempre teve muita dificuldade de fazer amizade, tanto na escola, quanto com familiares. É sempre muito literal nas suas colocações e parece ser muito inocente para a idade. A mãe refere que A. demorou muito para começar a falar (dois anos de idade) e que parecia sempre desligado das pessoas. Gostava sempre de coisas que ninguém gostava, como colecionar tampinhas de garrafa, ou estudar tudo sobre dinossauros. Sempre tinha dificuldade com barulhos altos, que o deixavam irritado. Só gostava de comer arroz com feijão. Quando as coisas saíam da rotina, ficava mais ansioso e irritado. Sempre teve bom desempenho acadêmico, mas há cerca de 3 anos, após mudar para outra escola, A. começou a se queixar de aperto no peito, angústia, parestesia em membros e desrealização. Refere que isso acontecia toda vez que tinha que falar na frente dos colegas e que já não conseguia nem lanchar com eles. Em casa, começou a se isolar mais, evitando sair para lojas ou shoppings. O psiquiatra então iniciou o uso de 25 mg/dia de Paroxetina. Cerca de dez dias depois do início da medicação, a mãe reparou que A. estava mais alegre, falante, “radiante”, cheio de planos e relatava que queria se candidatar a representante da sala. Cheio de energia, não dormia direito à noite. Quinze dias após o início da Paroxetina, a família retornou ao psiquiatra, que suspendeu a medicação. Dois dias depois, A. voltou a se queixar dos mesmos sintomas de antes, retornando ao comportamento evitativo.


Baseado na história clínica, a suspeita diagnóstica para o caso é de transtorno

  • A de personalidade evitativa e fobia social.
  • B do espectro autista e fobia social.
  • C do espectro autista e transtorno bipolar.
  • D de personalidade evitativa e transtorno bipolar.

Leia o caso a seguir.


Paciente A.M.M, 32 anos, sexo feminino, chega ao pronto-socorro, levada pela família, com história de alteração de comportamento de evolução insidiosa, recusando alimentação há mais de 20 dias, perdendo 10 kg em 15 dias. Há 1 dia tentou tirar a própria vida com enforcamento, sendo salva pela filha. Durante a entrevista, fala de modo lento, com dificuldade. Ao ser questionada pelo psiquiatra sobre seu quadro, responde:

– “Há dias não como. Também, pra quê comer? O que eu ganho com isso? O fim se aproxima cada vez mais, e eu sei que tudo isso é minha culpa. Tudo... O mundo se desmorona. E é minha culpa... Comer pra quê? O pouco que sinto, sinto como se meus órgãos estivessem ocos... Vazios... Colados... Retorcidos... Ocos como minha alma, como minha vida. Já nem choro mais, pois não há sentido em chorar, quando não há esperança. Sinto que... Que... Que... às vezes meu pensamento está tão lento, que... Acho que ele vai parar... Mas na verdade tudo vai parar, não é mesmo? Eu... Já morri há anos...”.


Com base no quadro apresentado, o exame psíquico correspondente ao plano afetivo, intelectivo e volitivo são, respectivamente,

  • A apatia, alteração da atividade do eu psíquico, pensamento de conteúdo niilista e de negação de órgãos, alucinações sinestésicas e sitiofobia.
  • B apatia, alteração do eu corporal intracorpo, pensamento de conteúdo niilista e de negação de órgãos, alucinações cenestésicas e sitiofobia.
  • C anedonia, alteração do eu corporal extracorpo, pensamento de conteúdo niilista e persecutório, alucinações cenestésicas e apragmatismo.
  • D anedonia, alteração da identidade do eu psíquico, pensamento de conteúdo empobrecido, alucinações cinestésicas e apragmatismo.