Resumo de Educação Artística - Realismo no Brasil

O Realismo no Brasil teve início em 1881, a partir da publicação do livro “Memórias póstumas de Brás Cuba”, do célebre autor Machado de Assis. Mas, antes de explicar a sua passagem no país, é importante entender o que esse movimento representou para o mundo.

O Realismo foi um movimento cultural e literário que surgiu na Europa, em especial na França, como uma resposta ao Romantismo vigente da época. Assim como aconteceu no Brasil, o início do movimento se deu a partir da publicação de um romance, chamado: “Madame Bovary” (1857), de Gustave Flaubert.

Enquanto no Romantismo os artistas pregavam a subjetividade e a verdade individual, os autores realistas almejavam a objetividade e a verdade universal. A proposta, portanto, era alcançar algo cada vez mais próximo da realidade, negando os acontecimentos “fantásticos” e não plausíveis.

Contexto histórico do Realismo

O Realismo nasceu em uma época conhecida como a “Belle Époque”, período em que o Capitalismo passou a se concentrar nos grandes centros urbanos da Europa, como Londres, Berlim e Paris.

A economia passava por uma grande transformação em virtude das mudanças trazidas pela Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII. Nesse período, as indústrias fortaleciam a utilização de novos materiais como o aço, o petróleo e a eletricidade.

Enquanto a população europeia se acostumava com as mudanças, ao mesmo tempo, movimentos de revoltas e insatisfações políticas se espalhavam pelos países. Esse cenário, portanto, foi determinante para a construção das ideias realistas.

Os autores aproveitaram o momento para retratar em suas obras a realidade enfrentada pelo ser humano de forma mais lógica e racional.

Dessa forma, o movimento construiu um forte caráter ideológico, marcado por uma linguagem política e de denúncia dos problemas sociais, onde os artistas realistas buscavam retratar com veracidade a pobreza, a miséria, a exploração e a corrupção.

Veja as obras que tiveram destaque durante o Realismo na Europa:

  • Madame Bovary, de Gustave Flaubert (França), considerada o marco do movimento;
  • Crime e castigo, de Fiódor Dostoiévski (Rússia);
  • O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós (Portugal);
  • Os sonetos, de Antero de Quental (Portugal);
  • Guerra e Paz, de Liv Tolstói (Rússia);
  • O Tio Goriot, de Honoré de Balzac (França).

Realismo X Romantismo

O romance publicado por Gustave Flaubert, considerado o marco inicial do Realismo europeu, trazia uma proposta completamente diferente da idealizada pelo Romantismo. Na literatura, o autor falava sobre o amor, mas sem subjetivismos, pois mostrava também o adultério e suas possíveis consequências.

Os autores românticos, no desenvolvimento de uma obra, pensariam em uma mulher amada, cheia de emoções e sentimentos, enquanto que os realistas buscariam retratar a mesma mulher, porém valorizando a sua inteligência, a razão e os seus possíveis defeitos.

Dessa forma, é possível perceber que existiam duas linguagens separando os respectivos movimentos. De um lado, uma linguagem poética e metafórica caracterizando o Romantismo, e do outro, uma linguagem simples e direta almejada sendo construída por artistas realistas.

Início do Realismo no Brasil

Na metade do século XIX, tanto a Europa como o Brasil passavam por um processo de mudanças no cenário político e econômico do país, o que, para o território brasileiro, seria um ótimo cenário para instituir o Realismo no Brasil.

O Cientificismo, o Positivismo, a Crise da Monarquia, o Abolicionismo, a Guerra do Paraguai (1864-1870) e a substituição da mão de obra escrava pela mão de obra assalariada contribuíram para que o Brasil deixasse de ser uma nação majoritariamente agrícola e se transformasse em um país industrializado.

Esses acontecimentos marcaram a queda de uma sociedade aristocrática e escravista, dando lugar ao desenvolvimento do Capitalismo. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o processo industrial transformou latifundiários em grandes empresários agrícolas.

Artistas

Não só Machado de Assis, bem como outros autores brasileiros ajudaram a propagar o Realismo no Brasil, a exemplo de Raul Pompeia e Aluísio Azevedo. Isso foi possível porque justamente na época em que a Monarquia começava a perder forças com os adventos da Guerra do Paraguai, eles declararam-se espontaneamente antimonárquicos.

Machado de Assis (1839-1908)

Um dos maiores escritores da literatura brasileira, Machado de Assis foi também jornalista e crítico literário. Durante a sua carreira, ele escreveu poesias, contos, crônicas, romances e teatro, além de fazer parte da direção da Academia Brasileira de Letras.

Embora tenha sido autor de diversas obras literárias, nessa época, Machado de Assis tornou-se reconhecido pelas prosas realistas contidas no livros:

  • A mão e a luva (1874);
  • Dom Casmurro (1899);
  • Esaú e Jacó (1904);
  • Helena (1876);
  • Iaiá Garcia (1878);
  • Memorial de Aires (1908);
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881);
  • Ressurreição (1872);
  • Quincas Borba (1886).

Elas foram marcadas pelas duras críticas que fazia à sociedade burguesa, análise profunda dos personagens e pela forte presença de temas sociais. No entanto, foi com a publicação da obra Memórias Póstumas de Brás Cuba, em 1881, que o Realismo no Brasil passou a vigorar.

O livro expõe a realidade da elite carioca no século 19, na qual poder era sinônimo de status. Contudo, essa história é narrada pelo próprio personagem principal, que também dá nome a obra: Brás Cuba.

Mas, de uma forma bem pitoresca, essa história começa pelo fim da vida do personagem. Pois, enquanto vivo, Brás Cubas não podia falar o que realmente queria, mas após sua morte, ele expôs a sua opinião escancaradamente em todas as situações, sem se preocupar com o julgamento que os vivos poderiam fazer dele.

Diante disso, durante a sua carreira, Machado de Assis vivenciou duas fases: a fase preparatória, quando se despedia do Romantismo e a fase realista, quando já estava totalmente inserido no contexto do Realismo no Brasil.

Visconde de Taunay (1843-1899)

Alfredo Maria Adriano d’Escragnolle Taunay foi escritor, além de sociólogo, músico, historiador, político, professor, artista plástico, dentre outros. Assim como Machado de Assis, também foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Em sua carreira, o romance regionalista "Inocência" ganhou destaque como uma obra representativa do Realismo no Brasil. Na obra, ele retrata o cotidiano e costumes das pessoas que vivem no interior do país.

Raul d’Ávila Pompeia (1863-1895)

Raul Pombeia foi jornalista, escritor e orador brasileiro. Embora tenha tido outras obras, a que mais contribuiu para o Realismo no Brasil foi o romance “O Ateneu”, publicado no ano de 1888.

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