Resumo de Educação Artística - Obras de Tarsila do Amaral

As obras da artista estão entre as principais produções da América Latina

As obras de Tarsila do Amaral, artista paulista do movimento modernista, são caracterizadas por uma estética bastante variada e rica. As pinturas de Tarsila do Amaral também demonstram seu envolvimento com o arte antropofágica, uma manifestação que buscava envolver a modernidade, tecnologia e inovação, mas carregado com uma personalidade nacional.
Conhecendo sua trajetória e seu envolvimento tanto com as artes quanto com questões sociais e políticas do país, podemos entender porque as obras de Tarsila do Amaral são tão importantes para a cultura brasileira.

Quem foi Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral (1886 – 1973) é uma das pintoras brasileiras mais reconhecidas de todos os tempos. A artista, nasceu no interior do estado de São Paulo. Embora tenha passado toda a infância no Brasil, logo mudou-se para a Europa, onde começou a produzir suas primeiras obras.
Ao voltar para o Brasil, passou a se dedicar aos estudos da arte, começando pela escultura. Primeiro, teve aulas com o escultor sueco William Zadig e depois, em 1818, foi estudar desenho e pintura no ateliê de Pedro Alexandrino, onde conheceu a pintora ítalo-brasileira Anita Malfatti.
Dois anos mais tarde, Tarsila do Amaral foi estudar na “Académie Julien” em Paris, mas voltou ao Brasil na Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922. Nesse período, ela foi introduzida ao grupo modernista e também, na oportunidade, a pintora começou a namorar o escritor Oswald de Andrade. Foi assim que a artista passou a ter contato com a arte moderna em São Paulo.
A pintora ainda voltou a Paris e lá estudou um pouco sobre cubismo. Também conheceu outros artistas e em uma das reuniões entre os intelectuais parisienses, teve a oportunidade de mostrar suas produções. 
Em um encontro com cubista e mestre Fernand Léger, com o qual ela estudou, Tarsila apresentou sua tela “A Negra” que causou entusiasmo não só no artista, mas também aos seus alunos.

O quadro, que tinha uma conexão com sua infância, representava algumas mulheres que fizeram parte dessa fase de sua vida, geralmente, as filhas de escravas que serviam como amas de leite ou tomavam conta das crianças. 
Essa foi uma das obras de Tarsila do Amaral que a tornaram famosa, colocando a pintora na história da arte moderna brasileira. Tarsila viveu muitas coisas e conheceu grandes personalidades que a influenciaram, como Picasso, Brancusi, Villa Lobos, Di Cavalcanti e tantos outros.
No entanto, dois episódios são bem marcantes na trajetória da artista. O primeiro deles tem relação com a Antropofagia.
O quadro “Abaporu” foi pintado em 1928. A tela foi um presente destinado ao seu então marido, Oswald de Andrade. Impressionado com a tela, eles a batizaram com esse nome, que significa: homem que come carne humana, o antropófago.
A produção, buscava fazer um paralelo com o canibalismo, mas ao invés de devorar a carne humana, o Movimento Antropofágico visava engolir a cultura europeia, buscando transformá-la em algo mais nacionalista, tipicamente brasileiro. 
Dado sua importância para as artes visuais, o Abaporu se tornou uma das obras de Tarsila do Amaral de maior prestígio. Tarsila também se envolveu no campo da política, principalmente com as causas operárias. 
Ela chegou até a se aliar ao Partido Comunista Brasileiro, estando presente em várias reuniões, porém acabou sendo presa por um mês em decorrência disso. Após o episódio, afastou-se do cenário político e se dedicou às produções.

Principais Obras de Tarsila do Amaral

As obras de Tarsila do Amaral trazem elementos que exaltam as cores encontradas na natureza do Brasil. De acordo com a pintora, suas escolhas refletiam sua infância, rodeada pelo amarelo vivo, verde, azul puro. 

Além disso, as pinturas de Tarsila do Amaral também expressam características nacionais: paisagens urbanas e rurais, o folclore brasileiro, a cultura, a fauna, a flora. A artista buscava inserir uma identidade brasileira em suas produções. Entre as principais obras de Tarsila do Amaral, destacam-se:
A Negra, 1923
A Negra foi a obra que a inseriu no movimento artístico. A pintura a óleo sobre tela trouxe pela primeira vez uma mulher negra como protagonista. 
Muito presente na sua infância, Tarsila resolveu representar a figura dessa mulher carregada de uma estética própria, mas mantendo características físicas da mulher negra, como os lábios grossos e nariz largo. Atualmente, a tela se encontra no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.
Autorretrato, 1923
Como o próprio nome sugere, a pintura é um Autorretrato. Também conhecido por Rouge, a tela, onde Tarsila aparece de casaco vermelho de gola alta, roupa desenhada pelo estilista Jean Patou e usada no jantar em homenagem à Santos Drummond, se encontra no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
 A Cuca, 1924
A Cuca é uma pintura que traz a temática folclórica. Esse personagem que mistura um animal com uma criatura humana é muito conhecido no Brasil, principalmente na literatura. 
O quadro apresenta tons fortes em homenagem às cores nacionais, como o verde e o amarelo e também traz outros elementos rurais, como a natureza e outros animais. A tela “A Cuca” atualmente está no de Grenoble, na França.
Abaporu, 1928
Das obras de Tarsila do Amaral, Abaporu talvez seja a mais famosa. Pintada em 1928, o quadro foi um presente oferecido ao marido e escritor Oswald de Andrade. A tela representa a fase antropofágica das pinturas de Tarsila do Amaral, que ocorreu entre 1928 e 1930. 
Na representação podemos ver a figura de um homem sentado, com os membros do corpo ampliados e inchados, além de um sol e um cacto compondo a paisagem, figuras que buscavam valorizar os elementos nacionais. O quadro atualmente faz parte do acervo do Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires.
Antropofagia, 1929
Essa pintura representa um marco no movimento antropofágico, com um estilo bem característico e muito parecido com os traços de “A Negra” e “Abaporu”. A paisagem explora o verde das florestas brasileiras e as figuras humanas aparecem um tanto distorcidas, com o corpo propositalmente ampliado. 
A tela se encontra na Fundação José e Paulina Nemirovsky, em São Paulo.
Operários, 1933
Diferente de “Antropofagia” e “Abaporu”, em Operários vemos as figuras representadas em tamanhos normais. O quadro faz uma referência ao período de industrialização das cidades e traz vários rostos de trabalhadores com feições que expressam o cansaço e a fadiga das atividades nas indústrias. 
A tela é uma crítica à divisão e exploração do trabalho e foi pintada após seu envolvimento com o comunismo, por isso é carregada de ideologia. Hoje, o quadro pertence ao Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.
Segunda Classe, 1933
Segunda Classe também faz uma crítica ao capitalismo e demonstra o quanto as pinturas de Tarsila do Amaral refletiam seu pensamento político. Na tela, os personagens, crianças e adultos, aparecem descalços em uma estação de trem, com a expressão de cansaço e até mesmo uma depressão. 
A aparência das figuras representadas revelam o descaso e a vulnerabilidade à qual as pessoas de “segunda classe” estão submetidas. Atualmente, a pintura com óleo sobre tela pertence a uma Coleção Particular.
Também são conhecidas as pinturas:
  • Réplica do Sagrado Coração de Jesus, 1922
  • Retrato de Oswald de Andrade, 1922
  • E.F.C.B. (Estrada de Ferro Central do Brasil), 1924
  • O pesamoeiro, 1925
  • Floresta, 1929Costureiras, 1936
  • Procissão, 1954

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