Resumo de Educação Artística - Carimbó

O carimbó é uma dança de origem indígena, cujo significado é do Tupi “Korimbó”, junção de “curi” (pau oco) e “m’bó” (furado), que em português quer dizer: “pau que produz o som“. A referência é do instrumento musical curimbó (tambor grande) tocado durante a manifestação folclórica.

Os movimentos giratórios realizados nas apresentações surgiram de um típico hábito de pescadores e agricultores paraenses. Ao final do dia, os trabalhadores rurais costumavam se reunir para dançar ao ritmo dos tambores.

Ao longo dos anos, a dança recebeu influência de alguns países africanos e europeus. O rebolado sensual presente no banjo e batuque acelerado é uma herança dos negros. Já o clarinete, o saxofone e a flauta é uma influência deixada pelo branco europeu, bem como o jeito de dançar em rodopios com a formação de casais.

História do Carimbó

Não existe uma certeza quanto a origem do carimbó, porém o que se sabe é que a dança ganhou repercussão em cidades próximas às regiões de Marapanim e Curuçá, no Pará. Maranhãozinho, em Marapanim e Araquaim, no município de Curuçá, disputam o título de origem do gênero.

Para o historiador Agripino da Conceição, a dança surgiu no Marapanim, local onde ela teria recebido o nome que tem hoje. Na região, inclusive, o carimbó é bastante forte. Todos os anos acontece o “Festival de Carimbó de Marapanim”, em novembro.

Em 1880, o carimbó chegou a ser coagido por forças militares e criminalizado do município de Belém por ser considerado “festa de preto”. Através da Lei nº 1 028, denominada “Código de Posturas de Belém”, o ritmo foi perseguido pela polícia e mal visto pela classe mais nobre. O texto dizia o seguinte:

É proibido, sob pena de 30.000 reis de multa: (…) Fazer bulhas, vozerias e dar autos gritos (…). Fazer batuques ou samba. (…) Tocar tambor, carimbó, ou qualquer outro instrumento que perturbe o sossego durante a noite, etc.

Contudo, esse cenário começou a mudar a partir de 1960, apesar da censura imposta pela Ditadura militar no Brasil. Assim, o ritmo encontrou em Belém um terreno fértil para estabelecer-se definitivamente.

Com o forte regionalismo presente na música, a manifestação mantinha-se afastada dos olhares da censura, evitando o uso de temas que agredissem o governo militar. Isso deu início aos grupos carimbozeiros e o carimbó tornou-se umas das danças brasileiras mais populares.

Por conta da imensidão do território paraense, no início, a dança desmembrou-se em três modalidades: o carimbó praieiro, o pastoril e o rural. Além disso, foram adotadas duas correntes carimbóticas: o estilo tradicional e o moderno. O primeiro, representado pelo cantador Verequete, manteve a estrutura musical do referencial marapaniense.

Já o segundo, representado pelo cantador Pinduca, alterou a estrutura, acrescentando um ritmo mais moderno. Isso causou uma histórica rivalidade entre defensores da tradição e da modernidade.

No entanto, os tipos de danças variam conforme o tipo de atividade desempenhada em cada região. A diferença está nas rimas que serão cantadas sobre o cotidiano local.

No Pará, a manifestação folclórica está presente principalmente na região do estuário do Rio Tocantins, ilha do Marajó e nordeste do estado, local onde a maioria dos grupos de carimbó estão concentrados.

Características

A manifestação folclórica engloba diversas características. Durante a apresentação, as mulheres espalham acessórios nos pulsos e pescoços, e usam flores na cabeça. As blusas possuem uma única cor e as saias são coloridas e volumosas para dar mais vida aos movimentos.

O figuro dos homens faz referência a uma possível maneira de se vestir dos escravos. Além disso, todos os dançarinos dançam descalços.

Para a execução do ritmo paraense, não podem faltar os instrumentos principais: dois tambores. Além deles, também são utilizados o afochê, o reco-reco, a flauta, o banjo, o ganzá e o pandeiro.

A batida do carimbó é dançada em pares. Ao som das palmas, os homens convidam as suas parceiras para dançar. Elas retribuem fazendo movimentos giratórios e cobrindo a cabeça de seus parceiros com as saias.

A dança ainda é complementada por uma coreografia que segue a tradição indígena, na qual os participantes imitam elementos da fauna amazônica. Animais como o macaco e o jacaré são personificados nos volteios realizados pelos dançarinos.

No vídeo abaixo, confira um pouco mais sobre a história do carimbó.

O ritmo ganhou repercussão e atualmente está associado a diversas festividades religiosas, a exemplo da louvação de São Benedito (santo negro), que acontece todos os finais de ano no município de Bragança, no Pará.

Em Santarém Novo, município de pouco mais de seis mil habitantes, próximo a Marapanim, o ritmo também está muito ligado à religião. Na cidade, acontece o chamado “carimbó pro santo”.

Devido a essa forte ligação com os festejos religiosos, em setembro de 2014 a dança adquiriu título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Artistas de destaque

Com o passar dos anos, a dança adquiriu passos mais soltos e sensuais. No Brasil, a antiga banda Calypso ajudou a divulgar o ritmo para outras regiões do país. A cantora Joelma, que estava à frente da banda na época, investia em figurinos bem característicos, além de letras típicas do carimbó.

Além desta banda é possível listar outros artistas:

  • Verequete e Manoel do grupo “O Uirapurí” (Belém);
  • Amélia  do grupo “Cruzeirinho” (Soure/Marajó);
  • Bigica do grupo “Sereia do Mar” (Marapanim);
  • Pinduca do grupo “Pinduca e banda” (Belém);
  • Aroldo do grupo “Revelação do Zimba (Salinópolis);
  • Ticó do grupo “Quentes da Madrugada” (Santarém Novo);
  • Lico do grupo “Beija-Flor” (Vigia);
  • Moacir do Grupo “Filhos de Maiandeua” (Maracanã);
  • Mário do grupo“Japiim” (Marapanim);
  • Elias do grupo “Raios de Luz” (Curuçá).

O carimbó do macaco, do cantor e compositor Pinduca é muito popular entre as apresentações do carimbó. Confira a letra da música:

“Eu quero ver, ô, menina eu quero ver

Eu quero ver, você agora embolar

Eu quero ver, ô, menina eu quero ver

O carimbó do macaco

Que eu fiz pra você cantar

É macaco caco macaco

Macaco, macaco au

O macaco ó do macaco

O macaco do macacal

Eu conheço um macaquinho

Que é filho do macacão

Neto do macaco velho

Que mora lá no sertão.”