Resumo de Educação Artística - Barroco Mineiro

O barroco mineiro se desenvolveu a partir de influências do estilo artístico barroco, que teve início na Itália no século XVI e se espalhou pela Europa e por países da América Latina.

Marcado pela dualidade entre antropocentrismo e teocentrismo, o barroco teve influência sobre diversas áreas da arte como música, literatura, arquitetura e artes plásticas.

Em Minas Gerais, o barroco começou a se desenvolver como um estilo de personalidade própria que imprimiu sua marca na história da arquitetura, da pintura e da escultura, a nível nacional e internacional.

A marca registrada do estilo barroco mineiro é pompa e grandiosidade. Sua arte é rica em detalhes, cores e ornamentos em ouro. Utilizando-se dos materiais típicos da região, como o cedro e a pedra-sabão, o barroco mineiro criou uma arte autêntica, carregada de características peculiares.

Seguindo a tendência da Arte Barroca que evoca a religião em cada detalhe, o barroco mineiro cresceu, sobretudo, em torno das igrejas e confrarias. Desse modo, a arquitetura, a escultura sacra e a música se destacaram deixando importantes registros.

As maiores expressões do barroco mineiro foram Mestre Ataíde e Aleijadinho.

Características do barroco mineiro

O barroco mineiro recebeu influência do barroco europeu, sobretudo do Barroco em Portugal, mas assumiu características próprias, sempre obedecendo à religiosidade imposta pelo movimento.

A pinturas e esculturas com temas cristãos fortaleciam a ideia da prática religiosa vigente na sociedade da época. A temática sacra estava presente no barroco mineiro mesmo nos pequenos detalhes.

Adereços em ouro e materiais nobres, altares com ornamentos espirais ou florais, figuras de anjos, imagens revestidas com película de ouro, santos em relevo. Essas são algumas das características observadas nas construções barrocas mineiras.

As obras arquitetônicas, geralmente, eram compostas por igrejas e capelas que tinham em seu interior diversas imagens pintadas no teto e várias esculturas instaladas. Os temas das pinturas e das esculturas, geralmente, estavam ligados a referências cristãs.

Além das igrejas, surgiram edifícios públicos e inúmeras moradias. As inovações artísticas pareciam acompanhar a vida econômica e financeira de uma região que prosperava.

Arquitetura

Com uma geografia montanhosa e irregular, a arquitetura barroca mineira desenvolveu um estilo bem peculiar.  O terreno repleto de morros e de vales possibilitou uma forma de urbanização atraente.

Esse aspecto fez com que os pontos mais altos de cada cidade fossem os mais procurados para a construção dos templos religiosos mais importantes.

Assim, a beleza das igrejas se misturavam com a beleza natural da região, criando cenários que ainda hoje fascinam quem conhece as cidades mineiras que foram berço do estilo barroco.

A topografia acidentada fez com que os construtores optassem por técnicas adaptadas para a região, abandonando a taipa de pilão, comumente usada em toda a construção civil do período colonial, para adotar a taipa de mão, que faz uso de materiais mais sólidos para sustentação das paredes.

Escultura

Devido ao isolamento do litoral, o que dificultava a importação de peças portuguesas, a escultura no barroco mineiro também apresentou peculiaridades. Os artistas passaram a utilizar de artifícios, aproveitando os materiais típicos da região como cedro e a pedra-sabão, adaptando-os às necessidades das obras para driblar algumas limitações técnicas e materiais.

Desse modo, os escultores da escola mineira não se limitaram a um único princípio estético. Diferente de outras escolas como Bahia e Pernambuco, que estavam muito mais ligadas ao estilo formal da arte europeia, a produção mineira se caracterizou pela diversidade e pelo ecletismo.

Nesse sentido, observa-se que a escultura no barroco mineiro apresenta ausência de padrões acadêmicos, variedade de cores mais uniformes e feições mais ingênuas e joviais.

Pintura

Embora haja também uma produção em painéis e telas independentes, as melhores representações da pintura barroca mineira estão nas decorações internas das igrejas.

O barroco mineiro também se diferenciou, criando um estilo próprio na pintura.Utilizando-se de cores vivas e tropicais, os pintores mineiros pintaram em suas obras figuras cordiais e irreverentes.

A principal característica que distingue a pintura dos templos mineiros dos templos litorâneos é a decoração com pinturas de grandes dimensões.

Esse tipo de decoração era possível graças ao uso de um tabuado corrido nos forros, ao contrário dos templos litorâneos que usavam caixotões emoldurados com relevos onde as pinturas eram feitas em seções separadas.

A pintura barroca também trouxe uma perspectiva arquitetônica ilusionista, que buscava uma continuidade visual da arquitetura real do templo.

Forros, colunas, arcadas, medalhões faziam uma composição sacra com figuras como anjos e santos, rodeando um personagem ou cena principal entre nuvens e halos de glória.

Música

Até a primeira metade do século XVIII as composições musicais eram escassas. Nesse período, as músicas executadas eram de autoria de compositores portugueses.

No entanto, em 1780 houve uma efervescência musical que fez com que Minas Gerais passasse a ter mais músicos que Portugal inteiro.

A música mineira deste período pode ser descrita como música na América litúrgica que vigorou até 1904.

Contexto histórico

O Barroco no Brasil foi uma das formas de expressão artística mais visíveis entre o século XVII e a primeira metade do século XVIII.

Desenvolvido ao lado dos primeiros núcleos urbanos, as primeiras manifestações do barroco ocorreram em Salvador e Recife. No entanto, o auge desse movimento artístico ocorreu nas cidades mineiras do Ciclo do Ouro.

O apogeu do ouro na região de Minas Gerais favoreceu um rápido crescimento urbano e o uso da religião e da arte. Assim surgiu a irmandade dos leigos, responsável pela organização da celebração dos ofícios e práticas religiosas. O exercício solidário se consolidou como forma de organização religiosa e social.

As associações de leigos foram as financiadoras do trabalho dos artífices, artistas e artesãos do período. Portanto, a quantidade expressiva de construções religiosas e o mecenato leigo devem ser considerados aspectos indissociáveis do barroco mineiro.

A grande movimentação comercial, o enriquecimento provocado pela mineração e a forte religiosidade dos povos das minas, favoreceram o desenvolvimento cultural em Minas Gerais. Esses aspectos fizeram com que as capitanias de Minas Gerais vivessem o apogeu das artes no Brasil, na ocasião.

O centro principal do barroco mineiro foi a região de Vila Rica, atual cidade e Ouro Preto, porém o estilo se fez presente nas regiões de Diamantina, Serro, Mariana, Tiradentes, Sabará, São João del-Rei, Congonhas, dentre outras vilas e povoados mineiros.

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