Questão 2 do Concurso Agência Goiana de Habitação (AGEHAB) - Administrador - FUNDAÇÃO SOUSÂNDRADE (2010)

TEXTO A

O discurso foi excelente. Direto, sem ser raso. Técnico, sem ser chato. Sensível, sem ser piegas. No horário nobre da quarta-feira passada, o presidente Barack Obama falou durante 47 minutos em sessão conjunta do Congresso com o objetivo de virar o jogo a favor de sua proposta de reforma do sistema de saúde. Depois de promovê-la a prioridade número 1 de sua agenda doméstica, e vê-la ser estraçalhada nas inúmeras reuniões que deputados e senadores fizeram com eleitores no recesso parlamentar de agosto, Obama está sendo convidado a descer do palanque para ser apresentado à realidade. E a realidade é o avesso de sua utopia: a maioria, exatamente 51% na última pesquisa, é contra a reforma da saúde. Traduzindo: os americanos não querem um sistema público de saúde para competir com as empresas privadas e não gostam da ideia de o governo administrar o sistema atual para evitar abusos das seguradoras. Por trás disso, há uma mensagem cujas raízes remotam à história do país: a maioria dos americanos desconfia da honestidade, dos propósitos e da competência dos governos - qualquer governo.
Na superfície, o debate sobre a saúde nos Estados Unidos provoca divergências técnicas. Na proposta de Obama, todos os americanos serão obrigados a ter plano de saúde. Mas qual o leque mínimo dos benefícios? Obama promete que o governo vai subsidiar quem não puder comprar um plano. Mas de quanto será o subsídio? Obama disse, pela primeira vez, que o custo da reforma em dez anos será, no máximo, de 900 bilhões de dólares e o grosso do dinheiro virá da redução do desperdício e das fraudes. Mas de onde saiu o cálculo do que escorre pelo ralo do desperdício e das fraudes? Encerrado o discurso de Obama, a atenção da imprensa e dos políticos foi concentrada nessas dúvidas.

André Petry IN: Revista Veja, 16 de setembro de 2009.



A conjunção “mas” expressa basicamente uma relação de sentido tipicamente reconhecida entre dois conteúdos. Em alguns enunciados, essa relação se torna mais clara, conforme o efeito que o enunciador pretende produzir.

Considerando o contexto, pode-se afirmar que a conjunção “mas”, no início das interrogativas formuladas no texto, no último parágrafo,

  • A adiciona ideias similares às apresentadas no fragmento “com o objetivo de virar o jogo a favor de sua proposta de reforma do sistema de saúde.”, constituindo o próprio fundamento da argumentação desse fragmento.
  • B retifica a passagem “...o debate sobre a saúde nos Estados provoca divergências técnicas.”
  • C possibilita reconhecer que o texto se apresenta incoerente, já que o contraponto constituído pelas interrogações é insustentável no texto e no contexto.
  • D é utilizada como operador argumentativo que fortalece o pressuposto de que a proposta de Obama apresenta informações vagas e imprecisas.
  • E provoca no leitor brasileiro uma motivação positiva a respeito desse benefício proposto por Obama, o que se verifica devido ao papel exercido por essa conjunção, operador argumentativo que conduz de modo contrário a tese de Petry.