Atenção: O texto a seguir deve ser utilizado como base para responder a questão:
FURTO DE FLOR
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor. Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem. Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico das flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
(ANDRADE, Carlos Drummond. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 985. p.80.)
Sobre a atitude do porteiro ao final do texto, é correto afirmar que (escolha a interpretação mais plausível, mais coerente com a leitura do texto):
- A O porteiro não sabia que a flor havia sido retirada daquele jardim e interpretou que a flor devolvida ao jardim era um lixo qualquer.
- B O porteiro sabia que a flor havia sido retirada daquele jardim, mas a rejeitou porque ela estava morta, por isso repreendeu o personagem.
- C O porteiro não sabia que a flor havia sido retirada daquele jardim e interpretou que a flor devolvida ao jardim estava murcha e pálida demais para ser plantada ali.
- D O porteiro sabia que a flor havia sido retirada daquele jardim e por isso repreendeu o personagem, que trouxe outra flor diferente da que foi furtada.