Senhor do Tempo
Uma suave noite em que ele sentia sua mente pesada como um paiol repleto de fagulhas e arrependimentos. Teria caminhado além, mas o zumbido lhe impunha passos oblíquos e metas incertas. E incerto, parou, estático diante da visão turva e túrbida.
Neste instante se perguntou: então era só isso? Tarde demais para nobres arrependimentos. Teria sido o primeiro a atirar uma pedra, mas agora usava uma coroa de vergonha sentado em seu trono de mentiras.
Como solução, cobriu-se com o manto de uma falsa autossuficiência. E com uma autoridade cínica que só existia em seu mundo imaginário, autoproclamou-se Senhor do Tempo.
Desde então, nunca mais olhou para o passado, mesmo sabendo que ele estava logo ali, bem atrás, ruidoso e salivante, sempre pronto a lhe dar uma chicotada.
Juliano Martinz
https://corrosiva.com.br/cronicas/senhor-do-tempo/
A expressão "mesmo sabendo que ele estava logo ali, bem atrás, ruidoso e salivante, sempre pronto a lhe dar uma chicotada" cumpre uma função de coesão textual ao remeter:
- A Ao passado do protagonista, atribuindo-lhe uma presença constante e ameaçadora.
- B À autoconfiança do protagonista, representando o esquecimento de suas falhas.
- C Ao sentimento de autossuficiência, reforçando o falso controle sobre o tempo.
- D Ao futuro incerto, enfatizando o medo do que está por vir.