Chamamos nossa espécie de Homo sapiens - o humano sábio. Mas é discutível até que ponto temos feito jus ao nome.
Nos últimos 100 mil anos, nós, sapiens, certamente acumulamos um poder enorme. A mera listagem de todas as nossas descobertas, invenções e conquistas ocuparia muitos volumes. Mas poder não é sabedoria e, depois de 100 mil anos de descobertas, invenções e conquistas, a humanidade se arrastou para uma crise existencial. Estamos à beira da catástrofe ambiental, causada pelo mau uso do nosso próprio poder. Também estamos criando novas tecnologias, como a IA (Inteligência Artificial), que podem nos escravizar ou nos aniquilar. Mas em vez de a nossa espécie se unir para lidar com esses grandes problemas existenciais, as tensões internacionais estão aumentando, a cooperação global vem se tornando mais difícil, os países estão ampliando seus arsenais de aniquilação total, e não parece impossível que uma nova guerra mundial aconteça.
Apesar da espantosa quantidade de informação à nossa disposição, somos tão suscetíveis à fantasia e à ilusão quanto nossos ancestrais antigos. Por que somos tão bons em acumular mais informação e poder, mas muito menos hábeis em adquirir sabedoria? Muitas tradições ao longo da história acreditaram que temos alguma imperfeição fatal que desperta a tentação de buscar poderes com que não sabemos lidar.
(HARARI, Yuval. Nexus. Companhia das Letras, edição digital. Adaptado)
Está gramaticalmente correta a redação do seguinte comentário a respeito das ideias do texto:
- A Muitas opções haveriam, para mitigar os efeitos nocivos da crise climática se escolhêssemos cooperar mutuamente.
- B Causam questionamentos o fato de que o homo sapiens, com milênios de existência ainda não tenha delineado um futuro alentador.
- C Não se devem considerar menos efetiva que as dos nossos ancestrais a suscetibilidade humana a fantasias e ilusões.
- D Opõe-se aos benefícios advindos dos investimentos em novas tecnologias a ampliação dos arsenais de destruição em massa
- E Cabem a diversas tradições adotadas ao longo da história, explicitar a tese de que o ser humano é dotado de imperfeições cabais.