Questão 41 do Concurso Câmara dos Deputados - Analista Legislativo - Médico - Área: Psiquiatria - Tarde - FGV (2023)

Atenção: use o caso descrito a seguir para responder a próxima questão.

Helvécio, contador, 28 anos, contraiu Covid-19 em 2021. Apesar da boa evolução, ele experimentou um estado de ansiedade intenso, com sintomas psicossomáticos (dor torácica e dispneia). Durante os dez dias da infecção, foi ao hospital algumas vezes acreditando estar em estado hipoxêmico, dada a intensidade da sensação de dispneia, mas era sempre “alarme falso”.

Logo após sua cura clínica, seu irmão contraiu Covid-19 pela segunda vez e desenvolveu uma forma mais grave, precisando ficar quatro dias em observação na UTI.

A partir daí, Helvécio começou a “ter mania de Covid”. Usava mais de um litro de álcool gel ao dia para as mãos e limpava a casa incessantemente. “Eu penso que o vírus pode ter sobrevivido. Na maçaneta do quarto, por exemplo. Tenho que limpar a mão com álcool, tudo com álcool. Mas minha cabeça diz que o vírus continua ali. E começo a sentir ele dentro de mim, será que estou doido?”

Como está trabalhando em home-office, Helvécio evita ao máximo qualquer contato com o mundo exterior. As únicas pessoas que ele tem recebido em casa são a mãe e o irmão. E ambos têm que fazer um auto teste de antígeno na área de serviço, e ainda entrar de máscara, assentar-se ou tocar somente no que é pré-determinado por ele.

Ele tem saído à rua apenas para o estritamente indispensável e, quando o faz, usa luvas, óculos protetores, e no mínimo duas máscaras. Desce e sobe pelas escadas para não se encontrar com alguém no elevador. Caso encontre com alguém no saguão do seu prédio, tem que voltar em casa e aguardar alguns minutos “para o ar renovar... É o medo do vírus ainda estar ali, no ar que as pessoas respiraram...” Basta ouvir a palavra Covid que até hoje começa a tossir descontroladamente. Tem feito de três a quatro auto testes de Covid ao dia, chegando a nove, de marcas diferentes e farmácias diferentes. Há uma semana foi às carreiras para o Hospital, pois havia visto o resultado como positivo. “Havia uma segunda faixa ali... fraquinha demais, mas havia... o médico me mandou procurar o psiquiatra e também tomar 4 mg de risperidona todo dia. Eu não sei o que há de errado comigo... Porque eu sei que não é assim, mas meu cérebro fica me torturando dizendo que vou pegar Covid e morrer.”

A mãe e o irmão de Helvécio contam que ele sempre foi um jovem tranquilo, embora muito organizado, perfeccionista e sistemático. Além de processos ansiosos autolimitados, relacionados a situações complicadas de sua vida, não apresentava antes nenhum indício de sofrimento mental significativo.


Assinale a opção que indica o psicofármaco que pode ser usado, no caso de Helvécio, segundo indicação em bula.

  • A Clomipramina.
  • B Amitriptilina.
  • C Imipramina.
  • D Nortriptilina.
  • E Desipramina.