O filho de um amigo é negro. Outro dia, na escola, a professora chamou sua atenção e disse: “Você está na minha lista negra”. Meu amigo fez uma reclamação à coordenadora da escola, por entender que a expressão é racista. Por que a lista é “negra”?
Palavras e expressões racistas fazem parte do repertório cotidiano sem que, muitas vezes, a gente tenha consciência do que realmente está dizendo. Eu mesmo me surpreendo dizendo coisas que não quero, por força do hábito. Ainda se ouve “amanhã é dia de branco”, “a coisa tá preta”. Nos anúncios de emprego, pedia-se “boa aparência”. Uma forma de dizer que negros não seriam aceitos?
Continuamos a usar termos racistas. A linguagem forma as pessoas, molda o modo de pensar. Não aceito mais essas palavras e expressões, policio meu vocabulário. É preciso reaprender a falar.
(Walcyr Carrasco, “Uma linguagem racista”. Veja, 31.07.2019. Adaptado)
É correto afirmar que o autor
- A constata existir justa censura a comentários racistas feitos nas escolas.
- B sugere que é a intenção de ofender que agride, não as palavras empregadas.
- C defende posturas pessoais que evitem o emprego de expressões ofensivas.
- D condena o racismo por entender que ele deturpa a linguagem cotidiana.
- E reafirma preconceitos que se expressam propositadamente pela linguagem.