O significado de conviver com o semiárido
O sentido da expressão “convivência com o semiárido”, em uma primeira visão ou leitura, pode levar a uma compreensão equivocada: viver no semiárido, sofrendo com a problemática das mudanças climáticas que tanto aflige, principalmente, os agricultores e agricultoras de base familiar.
Mas o sentido real da expressão “convivência com o semiárido” traz em seu arcabouço o real significado sociotransformador: viver buscando transformar os obstáculos provocados pelas mudanças climáticas e pelas injustiças sociais em oportunidades para mudar as condições de vida a partir de transformações no comportamento. Isso inclui premissas como o cuidado com o meio ambiente para uma vida digna, evitando que a região venha a se constituir um deserto.
É grande a riqueza de possibilidades, de caminhos, de alternativas que já foram geradas. São frutos das lutas populares, dos trabalhos pastorais, comunidades eclesiais de base etc., a partir das quais muitas organizações sociais nasceram e permanecem até hoje. Elas mobilizam os agricultores e agricultoras, promovendo trocas de experiência e qualificando-os a partir da estratégia de construção coletiva do conhecimento.
Essas organizações sociais geram reais possibilidades de se conviver com o semiárido e ter vida digna, sobretudo a partir da produção agroecológica, da transição energética, da captação e manejo de água de chuva, que gera vida não só para os seres humanos, mas para todos que habitam o semiárido no bioma caatinga.
(José Dias, “O significado de conviver com o semiárido”. Folha de S.Paulo, 10.08.2023. Adaptado)
De acordo com o autor, a compreensão equivocada em relação ao sentido da expressão “convivência com o semiárido” consiste em
- A acreditar na inexistência de relação entre as condições climáticas e a forma de o homem viver na terra que, no semiárido, independe de captação de chuva.
- B promover qualificação de pessoal com o objetivo de se usufruir demais uma região em que a escassez de recursos é alta, sem condições de regeneração.
- C combater iniciativas de exploração de recursos naturais que podem levar mais riquezas à região do que, por exemplo, a captação e manejo de água de chuva.
- D contrapor-se às injustiças sociais na região, na qual os recursos naturais atualmente servem à sobrevivência das famílias, sem perspectivas de comercialização.
- E desconsiderar as potencialidades humanas dos que vivem ali e as possibilidades de manejo agrícola que podem evitar a transformação da região em um deserto.