Senhor do Tempo
Uma suave noite em que ele sentia sua mente pesada como um paiol repleto de fagulhas e arrependimentos. Teria caminhado além, mas o zumbido lhe impunha passos oblíquos e metas incertas. E incerto, parou, estático diante da visão turva e túrbida.
Neste instante se perguntou: então era só isso? Tarde demais para nobres arrependimentos. Teria sido o primeiro a atirar uma pedra, mas agora usava uma coroa de vergonha sentado em seu trono de mentiras.
Como solução, cobriu-se com o manto de uma falsa autossuficiência. E com uma autoridade cínica que só existia em seu mundo imaginário, autoproclamou-se Senhor do Tempo.
Desde então, nunca mais olhou para o passado, mesmo sabendo que ele estava logo ali, bem atrás, ruidoso e salivante, sempre pronto a lhe dar uma chicotada.
Juliano Martinz
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"Senhor do Tempo" é uma narrativa que convida o leitor a refletir sobre a forma como lidamos com nossos erros e arrependimentos.
Nesse sentido analise as afirmações que seguem:
I.No excerto, a expressão "coroa de vergonha sentado em seu trono de mentiras" sugere um estado de falsa autoridade construído sobre ilusões.
II.Ao afirmar "autoproclamou-se Senhor do Tempo", o narrador sugere que o protagonista ilude-se ao acreditar que tem controle sobre o tempo e sua vida.
III.A expressão "manto de uma falsa autossuficiência" simboliza uma tentativa de esconder suas fraquezas e disfarçar seu arrependimento.
Está CORRETO o que se afirma em:
- A I, II e III
- B I e III, apenas.
- C I e II, apenas.
- D II e III, apenas.