Questão 2 do Concurso Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) - Assistente Executivo em Metrologia e Qualidade - IDECAN (2015)

Texto I 
Consumo e consumismo: pela consciência em primeiro lugar 
 
Não  há  como  fugir  do  consumo.  Ele  representa  nossa  sobrevivência  e  não  é  possível  passar  um  único  dia  sem 
praticá-lo. Precisamos adquirir bens para suprir nossas necessidades de alimentação, vestuário, lazer, educação, abrigo. 
Associado ao termo consumo sempre surge a  ideia do consumismo e cuja diferenciação não é tão simples quanto 
parece. Muito mais  do  que  pessoas  que  compram muito  e  adquirem  bens  que  não  precisam,  o  consumismo  é  um 
retrato do modelo atual de sociedade, do desperdício e dos valores que imperam. O consumismo refere-se a um modo 
de  vida  orientado  por  uma  crescente  busca  pelo  consumo  de  bens  ou  serviços  e  sua  relação  simbólica  com  prazer, 
sucesso,  felicidade, que  todos os  seres humanos almejam, e  frequentemente é observada nas mensagens  comerciais 
dos meios de comunicação de massa. 
Em meio às suas rotinas de consumo, as pessoas têm cada vez mais dificuldade em perceber o que é necessário e o 
que é supérfluo e avaliar o tamanho do seu consumo. E é natural que o que é essencial para uma pessoa seja dispensável 
para outra devido à complexidade e à diversidade do ser humano. Qual é, afinal, o consumo ideal para uma pessoa ou uma 
família? Podemos mensurar as necessidades do outro? E seus desejos? Mais do que focar nos consumidores, podemos ter 
a percepção do tamanho do consumismo observando o culto ao consumo que impera em todos os meios. O nosso sistema 
de produção e  toda a engrenagem que alimenta o sistema capitalista são  impulsionados pelo consumo excessivo. Basta 
verificarmos como produzimos bens para serem pouco usados e logo descartados, com enorme impacto ambiental, gasto 
de água, recursos, energia e trabalho humano, para sentirmos como nossos processos não são sustentáveis, por mais que 
tentem  pintá-los  de  verde.  Enquanto  convivermos  com  o  bombardeio  publicitário  incentivando  o  consumismo,  com  a 
obsolescência programada não apenas de produtos tecnológicos mas também de pessoas, suas roupas e demais objetos, e 
um modelo de produção linear, que produz grande volume de resíduos, estamos vivenciando o consumismo. [...] 
Para que as pessoas possam entender como elas vivem em um processo de consumo sem consciência é importante 
um entendimento individual acerca das necessidades reais e fabricadas. O condicionamento ao consumo pode acontecer 
de várias formas, mas a comunicação mercadológica que chega a homens, mulheres e crianças tem um papel decisivo. Os 
modismos chegam por novelas, desfiles, comerciais, incentivando hábitos que não eram comuns a determinado grupo. 
E com isso cria-se, então, um consumo que não existia. 
Como resistir aos comportamentos consumistas? Quando pensamos na consciência antes do consumo temos como 
objetivo justamente entender o que é necessidade para o ser humano hoje. É tirar o foco do consumo e colocar em um 
entendimento de nossas necessidades e desejos e nos  impactos pessoais, sociais e ambientais de nossas escolhas. Em 
meio  a  suas  rotinas  estressantes de  trabalho,  a uma  corrida para  ganhar dinheiro  e pagar  as  contas no  fim do mês, 
estamos perdendo a essência da vida. Qual seria um olhar com consciência da relação trabalho e obtenção de renda e 
estilo de  vida e de  consumo? Ocupamos nosso  tempo,  fazemos  tarefas que não  gostamos, nos afastamos de nossas 
famílias por longas horas para consumir coisas que a gente não precisa ou não precisaria e que são, inclusive, maléficas
à nossa saúde física e mental. Mas estamos mergulhados em uma comunicação mercadológica que diz que aquele item 
é importante para que a gente se sinta bem e que pertença a determinados grupos. O consumo é visto como algo que 
credencia as pessoas e dá acesso a um mundo ilusório de perfeição e felicidade. 
Mais grave ainda é a situação vivida pelas crianças e adolescentes, nos dias de hoje, que crescem em meio a valores 
extremamente materialistas e consumistas. Como falar em sustentabilidade se não cuidamos da infância em um sentido 
amplo,  não  oferecemos  proteção  contra  todo  tipo  de  abuso,  inclusive  a  exploração  comercial,  e  a  disseminação  de 
comportamentos  insustentáveis?  Estamos  garantindo  as  condições para que no  futuro  as pessoas possam  viver  com 
qualidade. 
Comerciais abusivos que falam direto para as crianças, promoções que nos ofertam brindes e descontos tipo leve 6 e 
pague  5,  campanhas  sedutoras  e  estratégias  de  venda  com  profundo  conhecimento  do  comportamento  humano. 
Armadilhas para um mundo consumista. Conseguir se desvencilhar deste grande emaranhado de recursos que  induzem 
ao consumismo é hoje uma tarefa que exige um redescobrir do que é o ser humano, do nosso papel, e da nossa condição 
acima  de  “sujeitos-mercadorias”,  como  coloca  o  escritor  Zygmunt  Bauman.  Será  que  conseguimos?  Um  desafio  que 
engloba uma tomada de consciência, uma nova comunicação midiática, mudança de valores, educação ambiental e para 
o consumo e, sobretudo, uma educação para a vida. 
(Disponível em: http://conscienciaeconsumo.com.br/artigos/consumo-e-consumismo-pela-consciencia-em-primeiro-lugar.) 
  


Em meio às suas rotinas de consumo,as pessoas têm cada vez mais dificuldade em perceber o que é necessário e o que é supérfluo e avaliar o tamanho do seu consumo." (3º§) No excerto anterior, a ocorrência da crase se dá porque está precedendo um
  • A pronome possessivo no plural e, por isso, seu uso é obrigatório.
  • B pronome possessivo feminino, e como tal, seu uso é facultativo.
  • C pronome possessivo precedido de artigo e, portanto, seu uso é obrigatório.
  • D pronome possessivo com valor de pronome adjetivo e, por isso, seu uso é facultativo.
  • E pronome substantivo com valor de pronome possessivo e, por isso, seu uso é obrigatório.