Questão 5 Comentada - Câmara Municipal de Araraquara - São Paulo - Consultor Legislativo - IBFC (2018)

Leia com atenção o trecho inicial do conto “O dia em que explodiu Mabata-Bata” do escritor angolano Mia Couto, e responda a questão a seguir.


De repente, o boi explodiu. Rebentou sem um múúú. No capim em volta choveram pedaços e fatias, grão e folhas de boi. A carne eram já borboletas vermelhas. Os ossos eram moedas espalhadas. Os chifres ficaram num qualquer ramo, balouçando a imitar a vida, no invisível do vento.

O espanto não cabia em Azarias, o pequeno pastor. Ainda há um instante ele admirava o grande boi malhado, chamado de Mabata-bata. O bicho pastava mais vagaroso que a preguiça. Era o maior da manada, régulo da chifraria, e estava destinado como prenda de lobolo do tio Raul, dono da criação. Azarias trabalhava para ele desde que era órfão. Despegava antes da luz para que os bois comessem o cacimbo das primeiras horas. Olhou a desgraça: o boi poeirado, eco de silêncio, sombra de nada.

“Deve ser foi um relâmpago”, pensou.

Mas relâmpago não podia. O céu estava liso, azul sem mancha. De onde saíra o raio? Ou foi a terra que relampejou?

                                                                                   Fonte: Ms - Camp, 10/10/2008



Sobre as figuras de linguagem presentes no trecho acima, assinale a alternativa incorreta:
  • A “Rebentou sem um múúú” contém uma onomatopeia.
  • B “Os ossos eram moedas espalhadas” figura-se como uma metáfora.
  • C “No invisível do vento” configura-se como um recurso sinestésico.
  • D “Pastava mais vagaroso que a preguiça” mostra-se uma comparação.
  • E “Lobolo” e “cacimbo” são variantes linguísticas regionais.