Questão 5 do Concurso Conselho Regional de Odontologia do Acre - Administrador - Gerente Geral - Quadrix (2019)

A última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em parceria com o Ministério da Saúde, aponta dados preocupantes em relação à saúde da criança, que, seguindo os passos da vida moderna de pais e familiares, alimenta‐se de maneira inadequada. O estudo indica que três em cada dez bebês brasileiros tomam refrigerante antes dos dois anos de idade, e o consumo frenético de alimentos industrializados pode afetar a saúde bucal das crianças e de seus pais.
O cirurgião‐dentista Érico Castaldin Fraga Moreira, da Clínica de Reabilitação Oral, Nutrição e Saúde, explica que o consumo de alimento de alta densidade energética, com alto teor de gordura e açúcares, no Brasil, inicia‐se cada vez mais cedo. “Dados da última Pesquisa Nacional de Saúde apontam que praticamente um terço das crianças menores de dois anos consomem refrigerantes ou sucos artificiais regularmente e mais de 60% consomem alimentos de alta adesividade, como biscoitos, bolachas e bolos, que também são fontes muito significativas de açúcar e gordura. Outro consumo
alarmante de crianças nessa faixa etária é o de balas e pirulitos, que permitem a entrada lenta e frequente de açúcar no organismo”, lamenta o profissional da saúde bucal.
A alimentação de baixa qualidade nutricional favorece o surgimento de cáries, seja pela presença de açúcares, seja pela alteração do pH bucal, em razão do consumo de refrigerantes e bebidas carbonatadas. Também é preciso considerar que o consumo de refrigerante ocorre, muitas vezes, em substituição ao consumo de água, o que propicia uma hipossalivação, além de promover o consumo frequente de açúcar, o que, por sua vez, impede o efeito tampão. “Vale lembrar que este padrão alimentar só piora com o aumento da idade. Sabe‐se que crianças mais crescidas ingerem ainda
mais refrigerantes e consomem com mais frequência alimentos industrializados, como salgadinhos empacotados e biscoitos, alimentos que não exigem muito da mastigação e aderem facilmente à superfície dentária”, elucida o mestre em prótese dentária. “Diante deste cenário, são necessárias ações conjuntas que envolvam a família, a escola, a comunidade e a indústria alimentícia, para promover hábitos de vida saudáveis, assim como os cirurgiões‐dentistas precisam continuar enfatizando a necessidade de uma alimentação saudável e a prevenção da perda dentária, garantindo mais qualidade de vida”, completa.
Dr. Érico explica, ainda, que as deficiências nutricionais predispõem o indivíduo a uma maior susceptibilidade às doenças periodontais, devido às alterações no sistema imune, que é modulado por diversos nutrientes. A patogênese da doença periodontal envolve bactérias e a resposta do hospedeiro aos subprodutos de bactérias (toxinas e enzimas), aliada a fatores comportamentais, influencia a gravidade e a progressão da doença. “Influências sistêmicas incluem diabetes, estresse, doenças cardiovasculares, osteoporose, o estado imunológico do hospedeiro e patógenos associados à doença
periodontal na flora subgengival. Outros fatores de risco comportamentais incluem a má higiene bucal, o uso de tabaco e a dieta”, acrescenta o especialista.
Segundo o cirurgião‐dentista, o treinamento de dentistas em nutrição e a formação de nutricionistas em saúde oral ainda são limitados. “Já está mais do que sedimentado que a colaboração entre os profissionais da nutrição e da odontologia é recomendada para promoção de saúde bucal e sistêmica. A relação entre saúde e doença oral e nutricional requer a atenção e consideração de todos os profissionais de saúde”, finaliza.

No que se refere ao texto e a seus aspectos linguísticos, julgue o item.


Em “Sabe‐se” (linha 16), a partícula “se” indica que o sujeito da oração é indeterminado.

  • Certo
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