Questão 3 Comentada - Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região - Pernambuco - Analista Judiciário - Área Judiciária - FCC (2018)

                            A arte requer “explicação”?


      Aqui e ali, quem frequenta bienais, salões de arte ou exposições de artes plásticas encontrará de repente não um quadro, uma escultura ou algum objeto de significação histórica, mas uma instalação – nome que se dá, segundo o dicionário Houaiss, a “alguma obra de arte que consiste em construção ou empilhamento de materiais, permanente ou temporário, em que o espectador pode participar, manipulando-a, ou, sendo, às vezes, de tamanho tão grande, que o espectador pode nela entrar”. Trata-se, em outras palavras, de materiais organizados num espaço físico de modo a constituírem uma obra de arte.

      Ocorre, porém, com grande parte das instalações, um fenômeno curioso: com muita frequência o criador é convidado a explicar – e o faz com linguagem muito sofisticada – o sentido profundo que pretendeu dar àquele conjunto de materiais, àquela instalação que ele concebeu. Para o público, restará a impressão final de que os materiais eram, em si mesmos, insuficientes para significarem alguma coisa: precisavam da explicação de quem os utilizou.

      As verdadeiras obras de arte se impõem por si mesmas, independentemente de qualquer explicação prévia ou justificativa final. O grande músico, o grande escritor, o grande cineasta não precisam interpor-se entre a sonata, o romance ou o filme para explicar seu sentido junto ao público. Certamente haverá oportunidade para todos refletirmos sobre o sentido dinâmico de uma obra artística que atingiu o nosso interesse e provocou o nosso prazer; mas nada será mais forte do que a mobilização emocional e intelectual que a obra já despertou em nós, no primeiro contato.

                                                                               (Aristeu Valverde, inédito



Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em:

  • A permanente ou temporário (1° parágrafo) = vitalício ou inabitual.
  • B o faz com linguagem muito sofisticada (2° parágrafo) = cumpre-o com expressões rudimentares.
  • C os materiais eram, em si mesmos, insuficientes (2° parágrafo) = os utensílios, vistos em si, estavam indisponíveis.
  • D o sentido dinâmico de uma obra artística (3° parágrafo) = a presunção impulsiva de um artefato.
  • E nada será mais forte do que a mobilização emocional (3° parágrafo) = nada superará a ativação dos sentimentos.