Prova da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Arquiteto - PR-4 UFRJ (2018) - Questões Comentadas

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Conforme a perspectiva do eu poético de As Caravanas, o verso “Não há barreira que retenha esses estranhos” expressa:

  • A o medo normal que a classe média da zona sul do Rio tem dos suburbanos negros e pobres.
  • B o sentimento preconceituoso e segregacionista de elites dominantes a respeito da periferia urbana e social.
  • C a justa preocupação do cidadão comum e esclarecido com a onda de violência crescente na cidade.
  • D o estranhamento natural que a superlotação das praias cariocas nos fins de semana provoca nos moradores e turistas que circulam na orla.
  • E a frustração dos moradores da zona sul com o fracasso das tentativas de conter os suburbanos na periferia.

Assinale a alternativa com a frase que pode ser considerada uma síntese do que expressa essa bela letra de Chico Buarque.

  • A “Quão maravilhosas são as pessoas que não conhecemos bem.” – Millôr Fernandes (1923-2012).
  • B “Um homem não pode montar nas suas costas, a não ser que elas se inclinem.” – Martin Luther King (1929-1968).
  • C “Aqueles que vivem em casas de vidro não deveriam atirar pedras.” – Geoffrey Chaucer (1343-1400).
  • D “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia.” – Leon Tolstoi (1828-1910).
  • E “Consciência é como a vesícula: a gente só se preocupa com ela quando dói.” – Sérgio Porto, Stanislaw Ponte Preta, (1923-1968).

Leia atentamente os versos a seguir:


Sol, a culpa deve ser do sol

Que bate na moleira, o sol

Que estoura as veias, o suor

Que embaça os olhos e a razão


Considerando a perspectiva do autor-poeta-compositor e a totalidade da letra de As Caravanas, pode-se afirmar que, nesses versos, Chico Buarque faz referência:

  • A ao excesso de luz solar e de altas temperaturas que, naturalmente, atraem a população para as praias, em busca do frescor do mar.
  • B ao velho preconceito que caracterizava o olhar colonial europeu sobre a vida nos trópicos ensolarados, que influenciou nossas elites e sua sociologia mais conservadora.
  • C ao fato de que nos meses de verão, com altas temperaturas e sol intenso, naturalmente, a população carioca tende a ficar mais tensa e intolerante.
  • D ao fato de que, espremidos nos ônibus superlotados que os conduzem dos subúrbios distantes até as praias, os suburbanos, tomados pela raiva, podem se tornar violentos.
  • E ao crescimento dos conflitos e confrontos raciais explícitos que vêm provocando, anualmente, os arrastões nas praias cariocas, diante da impotência da repressão policial.

Considere o trecho a seguir:


Ou doido sou eu que escuto vozes

Não há gente tão insana

Nem caravana do Arará


Nesses versos finais da canção As Caravanas, o admirado compositor popular:

  • A põe em dúvida sua própria visão sobre os fundamentos dos desequilíbrios sociais da cidade.
  • B considera insanos tanto os suburbanos que entopem as praias cariocas no verão quanto aqueles que os odeiam e os repelem.
  • C reafirma, ironicamente, sua crítica ao caráter doentio do preconceito e das desigualdades sociais.
  • D destaca o sanatório geral em que se transforma a cidade nos meses escaldantes do verão.
  • E retoma a ideia que expressou nos versos “Que estoura as veias, o suor/ Que embaça os olhos e a razão”.

Texto 2


Nestes tempos de imposturas, de impositores, imprecações, impolidez, impudência, imprevisão; as semelhanças e diferenças semântico-linguísticas ensinadas por Sérgio Rodrigues em “Viva a Língua Brasileira!” valem nossa reflexão.


“IMPOSTOS E IMPOSTORES


Já parou pra pensar na semelhança entre as palavras imposto (tributo) e impostor (farsante)? Seria gratuita, casual? Não. As duas vieram do verbo latino imponere, isto é, ‘impor, sobrepor, aplicar, encarregar de, obrigar a’, mas também ‘ludibriar, iludir’. Imposto é aquilo que se impõe de forma legítima, um dever. Impostor é aquele que impõe algo aos outros sem ter o direito de fazê-lo, passando-se pelo que não é. Parentes próximos, os dois vocábulos desembarcaram em português na mesma época, no século XVII, trazendo na bagagem o estranhamento semântico cultivado desde o latim: o primeiro tinha ares solenes e respeitáveis, enquanto o segundo sempre arrastou pelos cantos sua sombra escusa como sinônimo de ‘enganador, estelionatário’”.


Em relação à origem das palavras “impostos“ e “impositores, assinale a alternativa com a afirmação correta:

  • A na origem, um único vocábulo guardava uma multiplicidade de sentidos, dos quais, no tempo, surgiram as duas palavras em questão.
  • B conforme demonstra sua origem, as duas palavras ora eram sinônimas ora eram antônimas.
  • C a expressão “parentes próximos” refere-se ao fato de que os dois vocábulos surgiram no português no século XVII.
  • D desde sua origem, as duas palavras expressavam semelhanças e diferenças.
  • E conforme demonstra sua origem, as duas palavras sempre foram antônimas.