Questões de Variação Linguística (Português)

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Analise o seguinte trecho, adaptado de “Vidas Secas” (1938), de Graciliano Ramos: “— Vosmecê sabe que eu sou boa — disse a moça. — Nunca ninguém me viu fazer mal a um cão. Por que hei de matar homem? [...] Não, não sou má, não tenho culpa de nada!”. Com base no trecho e de acordo com os estudos sobre variação linguística e norma-padrão, assinale a alternativa INCORRETA.

  • A “Vosmecê” é uma variante regional e popular para “você”, representando traços da oralidade no discurso da personagem.
  • B A variação linguística presente no excerto está relacionada ao nível de escolaridade e à classe social da personagem, sem prejuízo de sua expressividade.
  • C A fala da personagem representa um desvio gramatical condenável na norma-padrão, devendo ser corrigida em registros literários formais.
  • D O trecho demonstra o uso da língua como construção social e histórica, refletindo as condições culturais do sertão nordestino.
  • E O narrador respeita a variedade linguística da personagem ao manter sua forma de expressão em discurso direto.

De acordo com Koch e Elias (Ler e escrever: estratégias de produção textual, 2011), na frase do 1o quadro – eu vi que não adiantava chorar sobre o leite derramado, doutora. –, o termo destacado deve ser analisado como

  • A um pronome catafórico.
  • B um pronome anafórico.
  • C uma conjunção adversativa.
  • D uma marca de oralidade na escrita.
  • E um índice de expressão nominal indefinida.

O emprego dos diversos níveis de linguagem relaciona-se ao contexto em que o texto é produzido e ao público-alvo pretendido. Relações entre língua falada e escrita mostram variações linguísticas que influenciam a escolha do vocabulário e da estrutura frasal. Identifique a sentença que evidencia a adequação formal típica de comunicações acadêmicas:

  • A “A gente tem que achar jeito pra resolver isso, né, e ainda corremos risco se não dá certo.”
  • B “Eu procuro me organizar, mas tá difícil demais equilibrar leitura e escrita nesses prazos.”
  • C “Recomenda-se estruturar o ensaio com fundamentação teórica e argumentação coerente, considerando fontes confiáveis.”
  • D “Nunca vi esse trem de pesquisa funcionar desse modo, mas parece que rola uns resultados.”

Sabe-se que “a variação linguística é uma expressão que se refere às diversas maneiras pelas quais a língua se manifesta entre seus falantes”. Dentre os tipos de variação linguística, temos, por exemplo, as gírias presentes em

  • A “Vossa Mercê”, que sofreu uma simplificação fonética resultante da redução de segmentos e sílabas átonas, originando diversas variantes.
  • B “O certo é biscoito ou bolacha? Ambos são corretos.”
  • C “O bolo de macaxeira, batido em liquidificador, fica semelhante ao ralado.”
  • D “A sinaleira dessa rua demora 45 segundos para abrir.”
  • E “A novela Mania de Você flopou desde a sua estreia.”

Leia o texto a seguir.


Toda vez que visito meu pai, é a mesma coisa: fico no meio da revolta dele contra o uso de “a gente”. Ele fica indignado porque os jornalistas da Globonews usam “a gente”, “a gente”, “a gente”, diz que “é um desserviço à educação”, um “empobrecimento da língua”, e fica preocupado com o futuro e o que vai ser do mundo, só por causa desse “a gente”. Aí, depois de todo o textão, de repente ele solta: “A gente precisa pensar no almoço”.



Disponível em:https://www.roseta.org.br/2018/05/16/nem-sempre-as-pessoas-falam-aquilo-que-dizem-que-falam/>Acesso em: 12 jan. 2025.


O texto acima descreve um caso de julgamento de formas linguísticas de acordo com a avaliação social que lhes é conferida. A negação pelo uso da expressão “a gente” no texto está associada

  • A à pressão institucional de órgãos públicos.
  • B ao desvio gramatical da forma consagrada “nós”.
  • C à sua assimilação como marca de identidade.
  • D ao avanço de políticas da linguagem simples.