Resumo de Português - Zeugma

Zeugma é uma das figuras de linguagem que existe na língua portuguesa. É identificada quando um termo já falado na frase é suprimido, ficando subentendido sua repetição.

Para que não ocorra a repetição de termos, a zeugma assegura a exclusão dessas palavras, sem interferir no entendimento da mensagem. Isso acontece devido ao contexto e aos elementos gráficos que estão inclusos na frase.

Exemplos de zeugma

Veja a seguir a aplicação da zeugma nas frases:

  • Eu estudei a obra de Machado de Assis; Mariana, de Jorge Amado.
  • Eu gosto de MPB; minha mãe, de música sertaneja.
  • Na primeira gaveta há folhas; na segunda, cadernos.

Aplicação da zeugma na literatura e na música:

  • “O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)
  • “Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de selos (…)” (José Lins do Rego).
  • “A vida é um grande jogo e o destino, um parceiro temível (…)” (Érico Veríssimo)
  • “O colégio compareceu fardado; a diretoria, de casaca.” (R. Pompeia).

Diferença entre zeugma e elipse

A zeugma é considerada um tipo especial de elipse, uma vez que esta última também caracteriza-se pela omissão de uma ou mais palavras na oração.

Porém, a principal diferença entre ambas é que a zeugma caracteriza-se pela omissão de um termo já citado, enquanto na elipse, esse termo não é citado, mas subentendido.

Exemplo de elipse:

  • Compramos roupas e sapatos. (A partir do verbo “compramos”, subentende-se que o “nós” foi suprimido.) 

Exemplo de zeugma

  • O consultor imobiliário vende casas; o açougueiro, carnes. (O termo omitido, neste caso “vende”, já foi citado antes.)

O que é elipse?

Assim como a zeugma, a elipse também é caracterizada pela omissão de palavras da oração sem que interfira no sentido da mesma. A explicação para isso é o mesmo da zeugma: o contexto e outros elementos gramaticais da oração permitem essa omissão, ficando o termo claramente subentendido.

Por ser uma figura de linguagem, a elipse é um artifício usado na linguagem oral e escrita para aumentar a expressividade da frase. O uso da elipse permite a elaboração de textos mais breves e dinâmicos, sendo muito aplicados em descrições esquemáticas, enumerações, anotações rápidas e provérbios.

Existem alguns tipos de elipse. Confira cada um deles e seus respectivos exemplos:

Elipse do sujeito:

  • Nesse réveillon, vou pular até amanhecer! (Elipse do pronome pessoal “eu”)
  • Gostaríamos de viajar pela África, mas não temos dinheiro. (Elipse do pronome pessoal “nós”)

Elipse de verbos:

  • No fim do dia, nenhum familiar feliz com o desenvolvimento dos acontecimentos. (Elipse da forma verbal “estava”)
  • Quanta amargura no seu pensamento! (Elipse da forma verbal “há”)

Elipse de preposições:

  • A cantora saiu do camarim, cara lavada, pronta para a sessão de fotos. (Elipse da preposição “de”)
  • Vivi chorava sem parar, olhos inchados e nariz vermelho. (Elipse da preposição “com”)

Elipse de conjunções:

  • Gostasse você de mim, eu seria a pessoa mais feliz do planeta! (Elipse da conjunção “se”)
  • Não fosse sua amabilidade, haveria tanta confusão nesta repartição. (Elipse da conjunção “se”)

Uso da elipse na literatura

  • “Não sou alegre nem sou triste:/sou poeta.” (Cecília Meireles – elipse do pronome pessoal “eu”)
  • “Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (Antônio Olavo Pereira – elipse da forma verbal “seria”)
  • “No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís de Camões – elipse da forma verbal “havia”)
  • “Veio sem pinturas, um vestido leve, sandálias coloridas.” (Rubem Braga – elipse da preposição “com” e da conjunção “e”)
  • “A tarde talvez fosse azul,/não houvesse tantos desejos” (Carlos Drummond de Andrade – elipse da conjunção “se”)
  • “Entraram em casa, as armas na mão, os olhos atentos, procurando.” (Jorge Amado – elipse da preposição “com” e da conjunção “e”)

Outras figuras de linguagem

Além da zeugma e elipse, existem diversas outras figuras de linguagem. Classificadas também como figuras de estilo, são recursos estilísticos aplicados na linguagem oral e escrita para aumentar a expressividade da mensagem.

Quais são as figuras de linguagem?

As figuras de linguagem são divididas em quatro classificações, confira quais são a seguir:

  • Figuras de palavras ou semânticas: estão relacionadas ao significado das palavras.

Exemplos: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.

  • Figuras de pensamento: fazem a combinação de ideias e pensamentos.

Exemplos: hipérbole, eufemismo, ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe.

  • Figuras de sintaxe ou construção: interferem na estrutura gramatical da frase.

Exemplos: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e anáfora.

  • Figuras de som ou harmonia: estão relacionadas à sonoridade das palavras.

Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.

Alguns tipos de figuras de linguagem

Conheça a seguir um pouco mais sobre alguns tipos de figuras de linguagem:

  • Anáfora: é a repetição de palavras ou expressões com o objetivo de reforçar o seu sentido. Esse recurso é bastante usado por autores literários, principalmente entre os poetas e músicos.

Exemplos:

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
(Manuel Bandeira)
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
(Tom Jobim)

  • Anacoluto: está relacionada com a sintaxe de frases. Por isso, é classificada de figura de sintaxe. A característica do anacoluto é mudar a sequência lógica da estrutura da frase através de uma interrupção no discurso.

Exemplos:

  • Eu, porque fui demitido, fico o dia todo em casa.
  • Meu pai, as leituras deixavam-no acordado a noite toda.
  • Adolescentes, como são difíceis de controlar.
  • “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu”. (Rubem Braga).
  • “Eu, que era branca e linda, eis-me medonha e escura”. (Manuel Bandeira).
  • Comparação: relaciona dois termos distintos na mesma oração, com o objetivo de reforçar ou enfatizar a mensagem a ser propagada.

Exemplos:

  • Nosso amor é como um fogo que nunca apaga.
  • Ela é linda como uma princesa.
  • O seu filho parece um furacão no campo.
  • Este livro é tão preciso como o maior tesouro do mundo para mim.
  • Aquela casa parece um hospício!