Resumo de Português - Variações linguísticas

As variações linguísticas são expressões faladas, naturais de um povo, que correspondem ao modo como um falante da língua se comunica com as pessoas à sua volta.  

Alguns fatores influenciam para que ocorram as variações linguísticas como os contextos regional, histórico e social.

Ao estudar as variações linguísticas é importante compreender que o sistema da língua não é unitário. Ele é constituído de variações que podem ser regional, estilístico, sociocultural, ocupacional e etário. Esses processos de formação caracterizam a forma como o sujeito vai se comunicar, tendo por base os fatores citados.

Uma variação pode ocorrer no processo construtivo de uma língua pelos meios fonético, morfológico, fonológico, sintático, léxico e semântico.

Contudo, deve-se atentar para o fato de que as variações linguísticas são expressas e aceitas, normalmente, na oratória. Assim, na escrita, independentemente do contexto regional, deve-se obedecer às regras da gramática da norma culta brasileira.

Aplicando os conceitos das variações linguísticas no dia a dia

Partindo do princípio de que as variações linguísticas participam de um processo que compõe a evolução de uma língua, tem-se como exemplos a gíria e o regionalismo.

Cada uma das regiões do Brasil tem o seu jeito de falar, baseando-se no seu vocabulário que muitas vezes só é compreendido por pessoas da mesma localidade.

Uai! Que trem é esse?

Dizem por aí que os baianos comem o final das palavras e formam o seu próprio baianês. “Oxente”! A explicação para isso tem fundamentação sociológica e cultural. Assim como os mineiros são conhecidos pelo “jeitin” de falar e assim como os “caipira, sô” com o seu dialeto simples e acolhedor. Esses são apenas alguns dos diversos exemplos de variações linguísticas.

A situação fica ainda mais perceptível quando discute-se qual é o correto: biscoito ou bolacha? Sandália ou chinelo?

Todas as formas estão corretas porque tratam-se de variações linguísticas regionais. Elas reúnem as transformações da língua que foram criadas e reinventadas a cada dia.

Assim, esse fenômeno decorre de um grupo social, em uma determinada época e lugar. Por isso, uma língua nunca é idêntica à de outro tempo e espaço.

Tipos de variações linguísticas

Existem diversos fatores que influenciam para a formação das variações linguísticas.

  • Históricas: compreendem o desenvolvimento do idioma por meio do contexto histórico. Exemplos: português medieval e português atual.
  • Sociais ou diastráticas: compreendem os grupos sociais (classes) considerando que cada coletivo social usa palavras restritas à sua comunidade, levando em consideração os diferentes graus de escolaridade, por exemplo.

Abrange o estudo dos socioletos, o qual inclui fatores como classe social, educação, profissão, idade etc. Exemplos: orador jurídico e camponês.

  • Geográficas ou diatópicas: compreendem o local em que ocorre a variação. Exemplos: dialeto carioca e dialeto gaúcho.

As variações do tipo geográfico chamam-se dialetos, que são formas de expressão verbal adotadas por uma comunidade falante do mesmo idioma. Como é o caso do inglês britânico e americano.

Há, ainda, os “dialetos regionais” em que um nome pode receber vários outros nomes em diferentes regiões, como é o caso da mandioca, que em alguns lugares é chamada de aipim e, em outros, de macaxeira.

Assim, considera-se que uma língua é um conjunto de dialetos. No idioma português existem duas variações geográficas que são reconhecidos internacionalmente: o português de Portugal e o português do Brasil.

  • Situacionais ou diafásicas: compreendem o contexto em que ocorre o diálogo, se formal ou informal.

Preconceito linguístico

O preconceito linguístico acontece quando alguém não aceita a forma como o outro se comunica por ser diferente, seja por causa do sotaque ou das variações linguísticas.

O preconceito linguístico ocorre em tom de deboche, quando alguém acredita que a sua maneira de falar é melhor do que a do outro. Normalmente, esse preconceito ocorre porque uma pessoa pensa que sua maneira de falar é correta e superior à do outro.                                                                                                                                                                              

No entanto, tratando-se de variações linguísticas, não existe uma forma de falar melhor ou mais correta do que outra.  

Curiosidades sobre os dialetos brasileiros

Dialeto carioca

A forma característica de fala do carioca é uma variação linguística do português brasileiro, típica da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e de outras cidades do interior Fluminense.

O estudo acerca da variação linguística carioca começou em 1922, com a obra “O Linguajar Carioca”, do filólogo Antenor Nascentes.

A partir de estudos, descobriu-se que o sotaque carioca apresenta semelhanças com o português lusitano, dentre as quais destacam-se a pronúncia do “s” chiado e as vogais abertas.

Outra forte influência percebida no sotaque dos cariocas refere-se aos dialetos africanos, falados pelos escravos que compunham a maioria da população carioca durante o período colonial.

Dialeto paulistano

Pela presença constante nos meios de comunicação, o dialeto paulistano é considerado um dos mais “aceitáveis” pela população brasileira, de acordo com um estudo da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Esse dialeto engloba palavras e termos oriundos dos diversos idiomas falados por imigrantes europeus de diferentes nacionalidades como japoneses, italianos, espanhóis, árabes e portugueses. Por conta disso, a fala dos imigrantes fundiu-se originando subdialetos como os do bairro da Mooca e Bixiga, que preservam termos e expressões típicas do norte da Itália.

Dialeto mineiro

Um dos dialetos considerados mais fáceis de ser identificados pelo sotaque é o mineiro, também chamado de montanhês. Ele é falado na região central do estado de Minas Gerais.

Esse dialeto sofreu influência das variações linguísticas do Rio de Janeiro e do dialeto caipira, mas acredita-se que a região central de Minas Gerais desenvolveu a sua própria forma de falar.

Dialeto brasiliense

A variação brasiliense, também chamada de candango, abrange a cidade de Brasília e a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal. Representa várias formas de falar o português.

Esse dialeto resultou da imigração ocorrida por volta de 1955, que trouxe várias formas de falar a língua portuguesa. É uma das características desse dialeto o uso do pronome “tu” para referir-se à palavra “você”, sobretudo em situações discursivas e informais entre um grupo, principalmente entre os adolescentes.

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