Resumo de Português - Texto Editorial

O texto editorial serve para posicionar o leitor diante de algum assunto polêmico ou atual que ocorre na sociedade. É um tipo de texto dissertativo e se enquadra nos gêneros opinativos.

Características do texto editorial

O texto editorial, geralmente, é publicado no início do jornal, entre as suas primeiras páginas. Ele antecipa todas as outras produções que serão publicadas na edição do periódico, como reportagem e/ou notícia.

O texto editorial é um gênero textual jornalístico que pode ser assinado ou não. Se o editorial não for assinado, ele geralmente apresenta a visão do veículo como um todo que o publicou, expressado pelo editor ou por um membro da equipe (ou, ocasionalmente, um colaborador freelance) que escreveu com o apoio do editor ou editora.

Se o texto editorial é assinado, ele não representa o ponto de vista do veículo, mas somente do autor que o escreveu

Estrutura do texto editorial

  • Tese central: é a ideia central do texto que será defendida durante o discorrer daquele momento;
  • Apresentação de dados: é nessa parte que entra a dissertação. O objetivo é fornecer ao leitor informações que justifiquem a exposição de opinião. É preciso expor fatos e dados que justifiquem essa opinião;
  • Argumentação: neste momento, o autor busca fazer uma ligação da opinião com os dados apresentados. O objetivo é o convencimento do leitor.
  • Conclusão: resumo todo o texto mostrando ao leitor a finalidade real daquela composição. Em alguns momentos, também na conclusão, é apresentado uma nova tese ou uma nova hipótese para que o leitor/interlocutor reflita sobre aquilo que foi colocado.

Texto editorial x artigo de opinião

O editorial tem uma estrutura muito parecida com o artigo de opinião ou a carta aberta.

Tanto o artigo de opinião quanto o texto editorial são textos dissertativos-argumentativos. Eles apresentam uma ideia e tentam convencer o leitor sobre alguma opinião.

O artigo de opinião é escrito apenas por uma pessoa, o chamado articulista. Já o texto editorial tem como característica representar uma opinião/ideia não só de uma pessoa, mas sim de um grupo de pessoas (empresa, organização).

Os dois textos são muito parecidos, mas existem algumas diferenças específicas. Confira na tabela:

Texto editorial

Artigo de opinião

Posição clara sobre o tema

Posição clara sobre o tema

Opinião de uma instituição

Opinião de uma pessoa

Possibilidade de adjetivação sarcástica, pode ser mais livre

Argumentação adjetiva tradicional

Possibilidade da marca do enunciador

Possibilidade da marca do enunciador

 

Veja um exemplo de texto editorial:

O poder da mulher incomoda

“É um tanto ridículo chegarmos perto da terceira década do século XXI ainda falando sobre luta por direitos. O direito de não apanhar de um homem fisicamente mais forte; o direito de não sofrer abuso no transporte público; o direito de casar-se com quem bem entender; o direito de ter um salário melhor; o direito de expressar no corpo a própria religião (ou abster-se de ter que acreditar em qualquer coisa sobrenatural); o direito de ocupar cargos diretivos; o direito de vestir-se como queira; o direito de ser dono do seu corpo, o direito de fazer trabalho braçal.

Embora esses “direitos” sejam para todos os cidadãos, hoje o foco é nas mulheres. Ontem foi seu “dia”. Seu dia? Por que é preciso ter uma data marcada para lembrar a sociedade que é preciso bater no peito o orgulho de ser mulher? A resposta é simples e pode ser equiparada ao racismo. Ele nunca deixará de existir até o dia em que não precisemos mais falar sobre isso.

Outro dia, ouvi, em tom de brincadeira, uma piada sobre o empoderamento feminino. “Não sei o que elas querem. Para que mudar uma tradição de tantos séculos?” Tantos séculos de submissão, abusos ferrenhos dentro da própria casa e uma constante omissão para preservar a imagem do agressor perante a sociedade. Além disso, e talvez o pior, superar a incredulidade sobre sua força intelectual (até mesmo de outras mulheres) perante o mundo.

O compositor Douglas Germano escreveu a emblemática canção “Maria da Vila Matilde”, em que aquela Maria eleva sua voz sobre os desmandos do agressor com quem ela se relacionava. Na canção, Germano replica a violência doméstica que viu em sua própria casa. “Você vai se arrepender de levantar a mão para mim. Cadê meu celular, eu vou ligar pro 180” é o verso principal e que deve ser o grito de guerra das mulheres de todo o país contra o machismo velado que persiste em escorar-se em nosso cotidiano, mostrando suas perigosas garras ao menor descuido.

A quem acredita na falsa afirmação de que somos um país tolerante, sinto dizer. É hora de pensar fora da sua caixa. O Brasil tolera o que convém. Nos bastidores, a coisa é bem diferente. As estatísticas apontam nosso país como um dos mais violentos do mundo em questão de raça, gênero e religião.

Quinhentos mil estupros por ano, com cerca de 70% das vítimas tendo como agressores pessoas próximas; dez estupros coletivos diariamente; somente 15,7% dos acusados presos; quase 5 milhões de denúncias na Central de Atendimento à Mulher, desde sua implantação em 2005 (fone 180, não é por acaso que está na música).

Tudo isso gera vergonha, omissão, medo de assassinato, medo de encarar a sociedade. O que vão pensar de mim? Eles vão pensar que o poder feminino incomoda, então é melhor você ficar calada para não abalar as estruturas de uma sociedade com números medievais em meio a tantos avanços.

O que nos dá um alento é que, em meio a toda essa banalidade, há para quem gritar. Seja a voz que tantas mulheres gostariam de ter.” (Jornal SP Norte – 09/03/2018).

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