O romance é um gênero literário que pertence ao texto narrativo. Uma das suas principais características consiste em uma narrativa longa que descreve detalhes de um personagem ou ambiente para a constituição do imaginário do leitor.
Feito em prosa, geralmente apresenta personagens fictícios representados por acontecimentos inventados em um determinado espaço e tempo. O romance também relata aventuras, além de traçar perfis de acordo com a personalidade dos personagens. Costumam caracterizar uma época e trazem críticas aos costumes da sociedade.
História do Romance
O romance ganhou popularidade em meados do século XVI e início do século XVII na Espanha, vindo a se espalhar posteriormente por toda a Europa. Sua consolidação ocorreu na Inglaterra durante o século XVIII.
Esse gênero literário contribuiu para o desenvolvimento da imprensa, uma vez que muitas obras foram publicadas pela primeira vez na forma de folhetins
. Foi a partir dessa experiência, da leitura de folhetins, que historicamente os hábitos de leitura foram constituídos. Considerado um gênero moderno na época, estava relacionado com a formação de um público leitor urbano e burguês.
A categoria veio para quebrar os modelos conservadores dos escritores daquela fase. O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha, escrito pelo romancista, dramaturgo e poeta castelhano Miguel de Cervantes no início do século XVII, é apontando na literatura como o pioneiro do romance moderno.
Cervantes não só escreveu um dos grandes clássicos da literatura, como marcou o romance, dando lugar a uma narrativa sobre o homem comum e todas as suas dúvidas, sonhos, desejos, substituindo o modelo antigo chamado epopeia (poema medieval de base épica), que veio a desaparecer no século XVIII, com o surgimento da Revolução Industrial. Segundo Hegel, o romance é a “epopeia burguesa moderna”.
A partir do século XX intensificaram-se as discussões em torno de uma possível crise do romance. Seu declínio aconteceu de fato por volta dos anos 1950.
Na França, escritores como Alain Claude Simon, Robbe-Grillet, Nathalie Sarraute, Marguerite Duras, além de outros nomes, rejeitaram o conceito do romance, que tem como objetivo contar uma história e descrever personagens de acordo com os ajustes realistas do século XIX.
Os autores citados acima ultrapassam os valores do romance conservador, bem como tempo, espaço e ação, recusando a noção de veracidade. Filósofo, escritor e crítico, Sartre explica:
” (…) se o romance fosse destruído, esses escritores estariam renovando o gênero literário, inspirados especialmente pelo cinema”.
Enquanto discutiam-se os recursos da classe romancista, se estariam realmente esgotados, literatura latino-americana teve seu auge. Autores como Gabriel Garcia-Márquez, Julio Cortázar, Vargas Llosa, Carlos Fuentes, Cabrera Infante, Miguel Ángel Asturias, Alejo fizeram parte da nova escola literária chamada de Realismo Mágico (que surgiu logo após o declínio do romance).
Romance Brasileiro
No Brasil, os anos 1950 foram produtivos e considerado um dos maiores marcos literários do país.
Nesse ano foram publicados obras como “O encontro marcado”, de Fernando Sabino; “Gabriela Cravo e Canela”, de Jorge Amado; “Doramundo”, de Geraldo Ferraz; “Vila dos Confins”, de “Mário Palmério” e “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, além da trilogia “O Tempo e o Vento“, de Érico Veríssimo.
Características
O gênero literário romance é construído a partir de uma história, isto é, de acontecimentos organizados de forma cronológica.
A linguagem utilizada pode variar de acordo com a obra.
Estrutura
Quanto a sua estrutura, o romance é dividido da seguinte forma:
- Narrador – é quem conta a história. É um elemento da narrativa, mas não é o autor. O narrador, portanto, pode ser um dos personagens.
- Personagens – um dos elementos do texto. É quem pratica as ações durante toda a história a história. Geralmente fictícios, os personagens são descritos sob aspectos físicos e psicológicos. No romance, o personagem principal é considerado o protagonista.
- Enredo – representa a sequência dos fatos da história. Geralmente retrata situações conflituosas que resultam, por vezes, no tema central do texto.
- Tempo – consiste nas ações dos personagens, que irão ocorrer na história de forma organizada. Pode ser representado por um tempo cronológico, que diz respeito a horas, dias, anos e o tempo psicológico, que tem caráter subjetivo, pois pode ser a memória, reflexão de um personagem. É o tempo interior, pois não tem previsão exata de quando acaba ou termina.
Tipos de Romance e Autores Famosos
É importante destacar os principais autores da literatura brasileira de acordo com os tipos de romance. Veja abaixo:
- Romance Romântico: nessa categoria podem-se destacar os ideais cavalheirescos, a figura idealizada da mulher e idolatria à pátria, representado pelos personagens masculinos. As narrações, que geralmente contam
histórias de amor
, buscam relatar a luta entre o bem e o mal, sempre fechando as histórias com o famoso “happy and”.
Joaquim Manuel de Macedo com sua obra “A Moreninha”, além de José de Alencar com sua publicação “O Guarani” são um dos autores que representam essa escola. - Romance Realista: esse grupo tem como particularidade temas influenciados pelo
cientificismo
da época. Faz críticas sociais e expõe os defeitos dos homens, antes não revelados. Aborda o materialismo e a traição. Faz uso de uma linguagem correta e sua narrativa é contada de forma lenta.
Machado de Assis é um escritor de referência que marca esse gênero literário.
- Romance Naturalista: é um tipo de romance que muitas vezes não distancia das narrativas realistas. Possuem características semelhantes, além de serem produzidos no mesmo período.
Faz uma análise social a partir de personagens marginalizados
. Uma obra de bastante reconhecimento dessa categoria é “O cortiço”, de Aluísio de Azevedo. - Romance Modernista: um dos romances de maior relevância na literatura brasileira.
Traz forte crítica social e novas visões de mundo
. Os grandes autores de destaque são: Raquel de Queiroz com o livro “O Quinze”; Jorge Amado com “Capitães da Areia”; Graciliano Ramos com o livro “São Bernardo”; José Lins do Rego com “Menino de Engenho”, além de outros nomes que fizeram a diferença nesse período.