Resumo de Português - Rima

Rima é a semelhança ou igualdade de sons entre as palavras, que se localizam no fim ou no meio de versos diferentes, que produz combinação. A existência da rima pode contribuir para o ritmo (lento, rápido), para a memorização e para a expressividade.

Além disso, pode ser classificada de acordo com a posição na estrofe e no verso, conforme a fonética, a acentuação e o valor.

Tipos de rima e o esquema rimático

Existem 17 classificações de rima: interna, externa, perfeita, toante, aliterante, imperfeita, pobre, rica, preciosa, aguda, esdrúxula, grave, alternada, intercalada, emparelhada, encadeada, misturada.

Quanto ao esquema rimático, trata-se de uma estrutura que revela de que forma a rima está combinada em uma estrofe, ou seja, são marcados com letras maiúscula em ordem alfabética. Exemplo: (AABB), (ABAB), (ABC).

Conforme a posição

Rima interna ou rima coroada: ocorre no interior do verso. Esse tipo é muito utilizado na poesia;

“De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.” (Vinícius de Moraes)

Externa: quando ocorre no final do verso.

“Rapte-me camaleoa
Adapte-me a uma cama boa
Capte-me uma mensagem à toa
De uma quasar pulsando lôa
Interestelar canoa…” (Caetano Veloso)

Conforme a fonética (sonoridade)

Rima perfeita: formada com as três últimas letras da última palavra no verso;

“Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz […]” (Vinícius de Moraes)

Toante: formada com os sons das últimas palavras, produzidos somente pelas vogais;

“[…] Fala que me ama
Só que é da boca pra fora.” (Caetano Veloso)

Rima aliterante: quando há repetição de consonantes;

  • Lata/luto
  • Medo/moda
  • Fez/faz

Imperfeita: quando apenas há correspondência parcial de sons, pode ser toante e aliterante;

“Eu agora — que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?” (Mário Quintana)

Conforme o valor

Rima pobre: palavras da mesma classe gramatical rimam entre si. (Substantivos e verbos ou verbos e substantivos) e também palavras terminam em sons corriqueiros (Substantivo e verbo ou adjetivos e substantivos ou pronomes e adjetivos);

“[…] Minha alma se abrirá como um vulcão.
E, em torrentes de cólera e loucura,
Sobre a tua cabeça ferverão
Vinte anos de silêncio e de tortura […]” (Olavo Bilac)

Rica ou consoante: palavras de classe gramatical diferente rimam entre si;

“[…] Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então sorrir
E então sorrir para poder chorar.” (Vinícius de Moraes)

Preciosa: obtidas de forma artificial, construídas com palavras combinadas. Faz-se o uso da ênclise (colocação do pronome depois do verbo) para rimar.

“[…] Diz-lhe, numa prece, que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer […]” (Vinícius de Moraes)

Existem os versos sem rimas, também chamados de versos brancos ou versos soltos.

“O vento verga as árvores, o vento clamoroso da aurora…
Tu vens precedida pelos voos altos.
Pela marcha lenta das nuvens.
Tu vens do mar, comandando as frotas do descobrimento.” (Mário Quintana)

Conforme a acentuação

Aguda: ocorre entre palavras oxítonas;

Rima esdrúxula: ocorre entre palavras proparoxítonas;

Grave: ocorre entre palavras paroxítonas.

“O que tu chamas tua paixão,
É tão-somente curiosidade
E os teus desejos ferventes vão
Batendo asas na irrealidade.” (Manuel Bandeira)

(As rimas paixão/vão, são agudas.)
(As rimas curiosidade/irrealidade, são graves.)

Ex: “É um flamejador, dardânico
uma explosão de rápidas ideias,
que com um mar de estranhas odisseias
saem-lhe do crânio escultural, titânico! […]” (Cruz e Sousa)

(As rimas dardânico/titânico, são esdrúxulas.)
(As rimas ideia/odisseia, são graves.)

Conforme a posição na estrofe

Rima alternada ou cruzada (ABAB): rimas em versos alternados, o 1º com o 3º e o 2º com o 4º;

Ex: “Se uma lágrima as pálpebras me inunda, A
Se um suspiro nos seios treme ainda, B
É pela virgem que sonhei! … que nunca A
Aos lábios me encostou a face linda!” B (Álvares de Azevedo)

Intercalada ou interpolada (ABBA): quando os dois versos que rimam são separados por dois ou mais versos que não rimam;

Ex: “De tudo, ao meu amor serei atento A
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto B
Que mesmo em face do maior encanto B
Dele se encante mais meu pensamento […]” A (Vinícius de Moraes)

Emparelhada (AABB): rimam-se os versos que se sucedem, dois a dois ou três a três;

Ex: “Manhã de junho ardente. Uma encosta escavada A
seca, deserta e nua, à beira de uma estrada A
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha B
bebendo o sol, comendo o pé, mordendo a rocha.” B (Guerra Junqueiro)

Rima encadeada: Quando a palavra final de um verso rima com o meio do verso seguinte;

Ex: “Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luz
Pálio sagrado sobre o qual palpita
A alma bendita do país da Cruz” (Aquino Correia)

Misturada (CDE): rimas que apresentam outras combinações nas estrofes, sem esquemas fixos.

Ex: “Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive.” (Manuel Bandeira)