Resumo de Português - Literatura de Catequese

A Literatura de Catequese, também chamada de Literatura dos Jesuítas, se refere aos primeiros escritos religiosos da literatura brasileira.

Diretamente relacionado ao Descobrimento do Brasil, a literatura de catequese corresponde a segunda fase do movimento literário quinhentista.

A primeira fase, chamada de literatura da informação ou dos viajantes, se tratava de documentos que relatava informações da terra. A carta de Pero Vaz de Caminha foi o primeiro da literatura brasileira, registrado nessa primeira fase do movimento quinhentista.

O quinhetismo, como o próprio nome já diz, se refere aos anos de 1500, quando as embarcações de Pedro Alvares Cabral chegaram as terras dos índios.

Importante ressaltar que o quinhetismo é o marco inicial da literatura brasileira, mas não é uma escola literária.

O que é a Literatura de Catequese?

A literatura de catequese está relacionada a vinda dos jesuítas ao Brasil, por isso é chamado também de literatura dos jesuítas.

A literatura de catequese tinha como objetivo converter os índios a religião e a cultura do homem branco. Ou seja, fazer com que os nativos fossem catequizados pelas palavras dos jesuítas.

A literatura dos jesuítas prevaleceu a partir do ano de 1549 até o ano de 1601. Todos os textos eram produzidos pelos padres que eram enviados por Portugal para defender o Cristianismo. Isto quer dizer que as obras eram marcadas pelo forte caráter religioso.

Os jesuítas eram membros da “Companhia de Jesus” que foram enviados ao Brasil para obter fieis para a Igreja Católica, pois o catolicismo está passando por crise devido a Reforma Protestante que estava ocorrendo na Europa, em 1517.

Atenção: em alguns vestibulares, a catequização dos índios também pode ser chamado de desculturalização do índio. Contudo, o processo é o mesmo, o índio passa a se adequar a cultura do homem branco e esquece a cultura indígena no processo de catequização.

Características da Literatura de Catequese

As principais características da literatura de catequese são:

  • Cunha educativo e pedagógico pautados na moral religiosa cristã;
  • Crônicas de viagens e históricas;
  • Linguagem de fácil entendimento e construções simples;
  • Temas relacionados a trechos e passagens extraídos da bíblia;
  • Poesia didática de fácil compreensão;
  • Objetivo de pregar o senso moral dos índios, segundo a moral cristã;
  • Elaboração de textos informativos e descritivos;
  • Literatura de teor religioso e documental;
  • Teatro pedagógico com temática religiosa e cotidiano fundamentados no cristianismo;
  • Encenações de cenas bíblicas, da vida de jesus, da vida dos santos e passagens do Velho Testamento;
  • Retratação das descobertas terrestre e marítimas, assim como as conquistas de novas terras pelo reino português.

Principais Autores da Literatura dos Jesuítas

Com o intuito de catequizar os índios, os jesuítas deixaram diversas obras como cartas, tratados descritivos, crônicas históricas e poemas.

Os padres jesuítas que mais marcaram a literatura de catequese foram: Padre José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim.

Padre José de Anchieta

José de Anchieta foi a figura principal da catequese no Brasil, além de ser o precursor do teatro nas terras brasileiras.

José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534, na Espanha, e faleceu aos 63 anos, em 9 de junho de 1597, no Estado do Brasil, Império Português.

Um dos fundadores das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, José de Anchieta foi beatificado em 1980 pelo papa João Paulo II e canonizado pelo papa Francisco, em 2014.

Ele foi o jesuíta mais relevante da literatura de catequese, tendo como produção obras de caráter pedagógico sob a forma de poemas e peças teatrais. Além de ser autor de inúmeras cartas, sermões e autos.

Entre as suas obras estão:

  • A Cartilha dos Nativos (Gramática Tupi-Guarani);
  • Poema da Virgem;
  • Auto da festa de São Lourenço (peça teatral);
  • Carta da Companhia;
  • Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil.

Trecho do “Poema da Virgem”, do Padre José de Anchieta

Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.
Olha como, prostrado ante a face do Pai,
todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai.
Olha como a ladrão essas bárbaras hordas
pisam-no e lhe retêm o colo e mãos com cordas.
Olha, perante Anás, como duro soldado
o esbofeteia mau, com punho bem cerrado.

Padre Manuel da Nóbrega

Padre Manuel da Nóbrega foi o primeiro jesuíta, missionário e chefe da primeira missão jesuítica à América.

Manuel de Nóbrega nasceu em 18 de outubro de 1517, em Portugal, e faleceu no Rio de Janeiro, aos 53 anos em 18 de outubro de 1570. Ele chegou ao Brasil em 1549.

Entre suas obras estão:

  • Diálogo Sobre a Conversão do Gentio;
  • Caso de Consciência Sobre a Liberdade dos Índios;
  • Informação das Coisas da Terra e Necessidade que há para Bem Proceder Nela;
  • Cartas do Brasil;
  • Tratado Contra a Antropofagia e contra os Cristãos Seculares e Eclesiásticos que a Fomentam e a Consentem.

Trecho de “Diálogo Sobre a Conversão do Gentio”

Diz que quer ser cristão e não comer carne humana, nem ter mais de uma mulher e outras coisas: somente que há de ir à guerra e os que cativar vendê-los e servir-se deles, porque estes desta terra sempre tem guerra com outros e assim andam todos em discórdia. Comem-se uns aos outros, digo os contrários. É gente que nenhum conhecimento tem de Deus, nem ídolos, fazem tudo quanto lhe dizem.

Padre Fernão Cardim

O Padre Fernão Cardim foi um jesuíta português enviado para o Brasil como missionário em 1583.

Membro da “Companhia de Jesus”, assim como os Anchieta e Nóbrega e um dos principais autores da literatura de catequese.

Não há uma data exata do seu nascimento, mas foi por volta de 1549, em Portugal, e faleceu aos 76 anos em 27 de janeiro em 1625, nos arredores de Salvador.

Entre suas obras estão:

  • Do Clima e da Terra do Brasil;
  • Do princípio e origem dos índios do Brasil e dos seus costumes, adorações e cerimônias;
  • Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica;
  • Adoração e cerimônias.

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