A leptospirose é uma doença transmitida por meio da urina de roedores, principalmente em períodos de enchentes, causada pela bactéria do gênero Leptospira, presente também na urina de bovinos, suínos e cães, que, eventualmente, também podem adoecer ou transmitir a enfermidade aos seres humanos.
É frequente em áreas de populações menos favorecidas economicamente, por ser uma doença associada também à inadequada rede de saneamento básico dos centros urbanos.
O contágio da leptospirose ocorre diretamente através do contato com a urina dos animais ou, ainda, por causa da exposição da água contaminada pela mesma bactéria.
A Leptospira penetra no organismo por meio das mucosas do corpo humano ou ferimentos na pele, espalhando-se na corrente sanguínea.
No Brasil, os ratos urbanos são os principais transmissores da doença, dentre eles estão as ratazanas, ratos urbanos e camundongos, principalmente em períodos de fortes chuvas e alagamentos.
Mesmo com a diminuição do nível das águas, a bactéria permanece ativa por um longo tempo nos resíduos úmidos.
A doença, que pode atingir estágios graves em mais de 40% dos casos, causa morte de vítimas que têm muitos órgãos do corpo humano comprometidos pela infecção.
Causas da leptospirose
Na maior parte dos casos, a doença é transmitida por causa das enchentes. Mas também pode ocorrer devido às condições precárias de saneamento básico.
As leptospiras presentes na água penetram o corpo da vítima e disseminam-se na corrente sanguínea.
O contato com água suja, lama de esgotos, lagoas, rios poluídos e terrenos abandonados também podem propiciar o surgimento da contaminação.
Médicos veterinários e tratadores de animais devem ter mais atenção ao cuidar de animais vitimados, evitando contato com a urina e secreção.
Sintomas
Os sintomas da leptospirose podem ser confundidos com outras enfermidades. Entretanto, alguns sinais apontam para a presença da infecção por Leptospira.
Entre os principais sintomas estão:
- Febre e dor de cabeça;
- Dores em todo corpo, principalmente concentradas na panturrilha;
- Tosse, diarreia e vômito;
- Nos casos mais graves, podem ser apresentadas sinais de icterícia (peles e olhos em tons amarelados);
- Sangramento na urina.
O período que o paciente leva para apresentar os primeiros sintomas varia de 1 a 30 dias, desde o contato com a bactéria causadora.
Formas graves da doença
Apesar de não ocorrer com a maioria dos infectados, uma parcela menor dos pacientes têm casos que evoluem para situações mais graves, com início a partir da primeira semana da manifestação dos sintomas.
Os primeiros sinais da gravidade são típicos da Síndrome de Weil, uma alteração que causa icterícia, insuficiência renal e hemorragias, principalmente a pulmonar.
Quando os pulmões são afetados, ocorrem lesões ou sangramento que já caracterizam a doença em fase mais tardia. Pacientes com leptospirose que desenvolvem a hemorragia pulmonar têm o risco de morte elevado em 50%.
O comprometimento dos pulmões é de imediato percebido pelo excesso de tosse seca, dispneia, expectoração e dor torácica, esporadicamente.
A leptospirose causa também um tipo específico de insuficiência renal aguda. Nesta fase, os pacientes passam a apresentar valores irregulares de creatinina e ureia. A partir desses fatores os níveis de potássio também ficam bem elevados.
Confira outras manifestações características da leptospirose na forma grave da doença:
- Miocardite, estando diretamente associadas ou não, a choques e arritmias;
- Distúrbios eletrolíticos;
- Inflamação do pâncreas;
- Anemia;
- Distúrbios neurológicos, a exemplo de confusão mental, delírio, alucinações e sinais de irritação.
Tratamento
O tratamento é baseado em administração de medicamentos e com orientação de um profissional, considerando os sintomas específicos de cada paciente.
A maior parte das pessoas são tratadas em unidades ambulatoriais. Contudo, nos casos mais graves - que oferecem risco de morte - precisam de internação hospitalar.
A terapia com uso de antibióticos pode ser feita em qualquer fase, mas a maior eficácia ocorre logo na primeira semana em que os sintomas surgem.
As medidas secundárias também são importantes nos casos em que a leptospirose esteja em fases moderadas e graves.
Leptospirose: como prevenir
- A prevenção da leptospirose ocorre por meio de ações e planos de governo que propiciem uma melhor infraestrutura nas cidades e áreas mais propensas ao aparecimento de roedores;
- Obras de saneamento básico, rede adequada de abastecimento de água, coleta de lixo e drenagem de água acumulada nas vias urbanas evitam a proliferação da doença;
- Evitar contato com água suja, lama, resíduos de córregos e proibir que as crianças brinquem nessas regiões com água potencialmente contaminada;
- Em caso de necessidade de desentupir bueiros e retirar entulhos, é necessário utilizar luvas e botas de borracha;
- O uso de água sanitária é importante e mata a leptospira, bactéria que causa a enfermidade;
- O trabalho de dedetização também deve ser realizado para evitar a reprodução descontrolada de roedores;
- Descarte adequado do lixo e acondicionamento correto dos alimentos;
- Tratamento adequado de esgotos;
- Vedação adequada de caixas d’água e fontes de armazenamento e depósito de água limpa;
- Melhorias das condições de habitação das moradias de regiões periféricas.