Gêneros literários são as classificações dos textos literários de acordo com as características formais. Eles são divididos a partir de critérios estruturais, semânticos e contextuais.
Para que seja possível compreender essa divisão dos gêneros literários, é necessário relembrar o que é literatura. Segundo o dicionário Michaelis, literatura é a “arte de compor escritos em prosa ou em verso, de acordo com determinados princípios teóricos ou práticos”
.
É definido também como “o conjunto das obras literárias de um país, um gênero, uma época etc. que, pela qualidade de seu estilo ou forma e pela expressão de ideias de interesse universal ou permanente, têm reconhecido seu alto valor estético”.
A partir dessa definição, pode-se compreender que a literatura expressa, por meio de palavras, sensações, desejos ou emoções, englobando os mais diversos tipos de texto, que são os gêneros literários.
Classificação dos gêneros literários
A primeira classificação dos gêneros literários foi feita na Grécia Antiga, pelo filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) com a seguinte divisão: Gênero Lírico, Gênero Épico, Gênero Dramático. Porém, com o passar dos anos, o gênero épico passou a ser chamado de narrativo, tornando-o mais abrangente. Conheça agora as características de cada um deles.
Gênero Lírico
A palavra lírico vem do latim e significa “lira”, instrumento comum na Grécia Antiga, que proporcionava um tom melódico às poesias da época. O gênero lírico segue essa linha e tem como característica a escrita em primeira pessoa do singular (eu). Nele, o escritor apresenta suas emoções e sentimentos mais íntimos por meio de versos, com uma linguagem poética, rítmica e melódica.
O ponto principal desse que é um dos gêneros literários é a subjetividade do autor, o eu-lírico, como é chamada. Ele é subdividido em:
Poesia: está entre as mais antigas formas de literatura e é dividida em versos, que agrupados, são denominados estrofes. Nessa subdivisão, o autor expressa suas visões pessoais e sua ênfase é a estética da língua sobre o conteúdo. A metáfora é uma das ferramentas mais importantes da poesia.
Exemplo:
“Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto…”
(Trecho da poesia “Soneto de Constrição” de Vinícius de Moraes)
Soneto: poema com estrutura fixa composta por 14 versos, sendo dois quartetos (conjunto de quatro versos) e dois tercetos (conjunto de três versos).
Exemplo:
“De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamentoQuero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamentoE assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama…”
(Trecho de “Soneto da Felicidade” de Vinícius de Moraes)
Ode: poema que apresenta estilo solene, elaboradamente estruturado, com uma composição calorosa e sonora que descreve a natureza e o mundo de maneira emocional e intelectual.
Sátira: é um texto literário que tem como objetivo de criticar determinado tema por meio da ironia e sarcasmo, como a paródia.
Exemplo:
“Que falta nesta cidade?… Verdade.
Que mais por sua desonra?… Honra.
Falta mais que se lhe ponha?… Vergonha.O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonhaQuem a pôs neste rocrócio?… Negócio.
Quem causa tal perdição?… Ambição.
E no meio desta loucura?… Usura.
(Trecho da sátira “Epigrama” de Gregório de Matos)
Haicai: poema de origem japonesa formado por três versos desprovidos de rima e com uma linguagem simples.
Exemplos de Haicai do Brasil:
“Observei um lírio:
De fato, nem Salomão
É tão bem vestido…”
(“Opinião sobre Modas” de Afrânio Peixoto)“Caçador de estrelas.
Chorou: seu olhar voltou
com tantas! Vem vê-las!”
(“O Poeta” de Guilherme de Almeida)
Hino: composição musical para louvor ou adoração, seja de uma nação ou divindade. Um exemplo é o Hino Nacional Brasileiro.
Gênero Narrativo
Esse é um dos tipos de gêneros literários que se caracteriza pela linguagem narrativa, geralmente escrito em prosa, para narrar acontecimentos reais ou imaginários. Sua estrutura básica é formada por introdução, desenvolvimento e conclusão, que pode ser em discurso direto ou indireto.
Os principais elementos são o narrador (conta a história), os personagens, enredo, tempo e espaço (local onde se passa a história). Alguns tipos de gênero narrativo são:
Novela: apresenta uma narrativa breve com vários enredos que se interligam no decorrer da história, com cenários e personagens.
Romance: data da Era Medieval, com Dom Quixote, e apresenta uma história com enredo, temporalidade, ambientação e personagens definidos.
Fábula: tem como principal característica a narração fantasiosa, imaginária e alegórica. As história giram em torno de animais ou artefatos visando o ensinamento, reflexão e transmissão de conhecimentos.
Conto: mais curto que o romance e a novela, é uma obra ficcional com um conteúdo breve, formado por uma história e um conflito. É dividido em introdução, desenvolvimento e clímax.
Crônica: é um texto geralmente produzido com base em acontecimentos cotidianos para meios de comunicação como jornais, rádios, revistas e por isso possuem vida curta. O humor e a ironia são algumas das características da crônica.
Epopeia: poema narrativo que relata ações heroicas referentes a acontecimentos históricos, lendários ou mitológicos. Tem como elementos o narrador, enredo, personagens, tempo e espaço.
Gênero Dramático
Esse é um dos gêneros literários que datam da Grécia Antiga. Envolve a literatura teatral, ou seja, aquela que pode ser encenada, com o diálogo como principal característica. Dessa forma, os principais elementos do gênero dramático são o autor, o texto e o público.
Algumas subdivisões são:
Tragédia: retrata um acontecimento trágico em torno de temas como deuses, destino e sociedade.
Farsa: baseia-se em acontecimentos corriqueiros e familiares com um tom cômico.
Elegia: engrandece a morte de uma pessoa como ponto central de um espetáculo, como “Romeu e Julieta”, de Shakespeare.