Resumo de Português - Figuras de sintaxe

As figuras de sintaxe estão dentro das figuras de linguagem. São muito usadas na linguagem literária, porque imprimem sentidos com mais riqueza de detalhes e expressividade.

As figuras de sintaxe estimulam modificações no corpo estrutural das orações pois omitem, invertem ou repetem termos ou palavras. Funcionam como um recurso estilístico que permitem uma variação linguística mais elegante nos sentidos do texto narrativo.

O uso dessas figuras permite um efeito mais sonoro ou até musical nos textos em que estão empregados por mostrarem as variações mais literárias da língua portuguesa.

Podem ser confundidas como erros gramaticais, quando na verdade são “erros” propositais. As figuras de sintaxe permitem construções de significados que não são o que aparentam ser, fazendo com que o leitor muitas vezes fique confuso, se divirta ou reflita sobre o conteúdo dos textos.

Divisões das figuras de sintaxe

Por estarem dentro das figuras de linguagem, as figuras de construção estão divididas em classes diferentes para melhor entendimento.

São denominadas de figuras de construção porque alteram de alguma forma a construção regular da frase, da oração, do período, do verso. Buscam, com essa alteração, conferir maior expressividade e maior elegância à construção textual. (BEZERRA, 2010)

Alguns exemplos comuns são:

  • Pleonasmo;
  • Silepse;
  • Elipse;
  • Zeugma;
  • Assíndeto;
  • Polissíndeto;
  • Hipérbato;
  • Anáfora;
  • Anacoluto;
  • Prolepse ou Antecipação;
  • Antítese;
  • Catacrese;
  • Hipérbole;
  • Eufemismo;
  • Prosopopeia ou Personificação.

Pleonasmo: é a repetição para enfatizar o sentido de uma ideia ou frase.

Exemplo: “A vida, não vale a pena nem a dor de ser vivida” (Manuel Bandeira).

Silepse: Confundida com erro de concordância, funciona como uma concordância ideológica. A concordância não é feita de acordo com os termos que aparecem na sentença, mas sim com ideias ou termos nela que estão subentendidos.

Exemplo: Os estudantes chegamos tarde propositalmente à faculdade.

Elipse: A elipse omite ou esconde um termo, palavra ou expressão que, apesar de não estar presente na sentença, pode ficar subentendida quando se analisa o contexto.

Exemplo: No final do evento, talheres e pratos sobre a mesa. (No final do evento, talheres e pratos ficaram ou estavam sobre a mesa.)

Zeugma: é uma vertente da elipse que esconde um termo que já foi dito anteriormente em uma frase.

Exemplo: Os pais foram dormir, as crianças para o parque. Os pais foram para o trabalho, as crianças, para a escola. (Os pais foram dormir, as crianças foram para o parque).

Assíndeto: é uma figura de construção que omite as conjunções coordenativas.

Exemplo: A mãe limpou os móveis, os quartos, a sala, o banheiro, a sala, o quarto de brinquedos, cozinhou almoço, brincou com os bebês (as orações estão separadas por vírgulas, mas poderiam estar conectadas pelo auxiliar “e”).

Polissíndeto: Funcionando como oposto do assíndeto, o polissíndeto repete as palavras conectivas.

Exemplo: Há dois dias meu namorado não fala, nem ouve, nem toca, nem liga, nem dorme.

Hipérbato: É o responsável que troca a ordem direta dos termos da frase

Exemplo: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heroico o brado retumbante”. (hino nacional)

Anáfora: É a repetição de uma mesma palavra, termo ou expressão no início de frases ou em versos que são consecutivos.

Exemplo: “Era noite, era sol, era lua, era frio, era calor!”

Anacoluto: É a quebra da estrutura gramatical de uma sentença. É um recurso comum de ser utilizado quando se transcreve diálogos, consiste na técnica de reproduzir na escrita falas de pessoas.

Exemplo: “E o velhinho tremiam-lhe os braços e pernas, matando-o os espirros.”

Prolepse ou Antecipação: Quando um termo é empregado fora do lugar da frase onde haveria concordância gramatical de ordem ou de sentido. Dentro do texto narrativo, a prolepse pode ocorrer com o intuito de antecipar acontecimentos, como uma forma de adiantamento de fatos que virão a acontecer no futuro da história.

Exemplo: Amanda teve de ir guardar caixas e no caminho se encontrou com Álvaro, de quem mais tarde, em chegando o tempo correto, virá a ser esposa. 

Antítese (a antítese é considerada figura de sintaxe e/ou linguagem): apresenta a oposição de duas ou mais ideias no mesmo trecho. É uma das figuras com maior facilidade de identificação.

Exemplo: Moram junto a ti uma criança que ri e um adulto que chora.

Catacrese: Lembra a metáfora e apresenta uma palavra ou trecho com significado diferente do original.

Exemplo: Um abraço seria um beijo inundado em desejos.

Hipérbole: consiste no exagero de uma ideia com a intenção de enfatizar o sentido. Carlos Drummond de Andrade foi um autor que utilizou muitas hipérboles em seus versos.

Exemplo: “Na chuva de cores / Da tarde que explode / A lagoa brilha.” (Carlos Drummond de Andrade)

Eufemismo: é o total oposto da hipérbole. No eufemismo, as ideias se tornam suavizadas para que fiquem mais prazerosos à leitura.

Exemplo: “Não morreu não. Apenas se encantou. De homem virou estrela, de estrela se disfarçou.” (Autor Desconhecido)

Prosopopeia ou Personificação: Atribui ou indica características de seres animados para seres inanimados.

Exemplo: Os ventos sopram, o mar chora, o sol sorri e a terra fala.

Exemplos de frases com figuras 

Conhecidas também como figuras sonoras por serem encontradas em músicas e poemas, é possível analisar alguns trechos de letras de canções e poesias que contêm as figuras de sintaxe.

“Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar. E se perder, e se achar, e tudo aquilo que é viver. Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder” de Gonzaguinha traz dois exemplos: assíndeto e polissíndeto (uso de vírgulas e conectivo “e” repetidas vezes).

“A vida é mesmo assim. Dia e Noite, não e sim” de Lulu Santos traz um exemplo claro de antítese.

“Eu nunca mais vou respirar se você não me notar, posso até morrer de fome se você não me amar” de Cazuza e Frejat é um exemplo de hipérbole, pois há exageros nas ideias contidas no trecho da canção.

“O amor não tem pressa, ele pode esperar em silêncio” de Chico Buarque, cantada por Gal Costa, demonstra prosopopeia ou personificação, pois trata do amor como se fosse uma pessoa.

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