Resumo de Português - Epistemologia

Epistemologia é o campo de estudo do conhecimento humano. Aborda questões sobre como o conhecimento é adquirido, qual a relação do conhecimento passado pela ciência e pelo senso comum, as vertentes do saber científico e todas as questões exploratórias acerca do conhecimento que as pessoas carregam consigo.

A palavra Epistemologia é de origem grega, no qual Episteme significa conhecimento e logia é igual a estudo.

O nome Epistemologia foi cunhado pelo filósofo escocês James Frederick Ferrier (1808 – 1864), como referência ao conhecimento científico. Contudo, atualmente, é utilizado em um sentido mais amplo, como sinônimo de Gnosiologia, que é o estudo de todos os tipos de conhecimento.

O estudo sobre o conhecimento abordado na Epistemologia apoia-se nas teorias de filósofos como Platão, Thomas Kuhn, Karl Popper dentre outros questionadores. Por isso, para uma melhor compreensão deste assunto é aconselhável ter em mente conhecimentos prévios sobre Filosofia, pois é a área que estuda os saberes humanos com suas questões relacionadas ao dogmatismo e às relações humanas.

A Epistemologia abrange indagações sobre crenças, verdades e justificativas para o conhecimento humano.

Contexto histórico da Epistemologia

A origem da Epistemologia está no neoclassicismo, por meio dos filósofos pré-socráticos. Ela ganhou força na História Moderna.

Os precursores desta teoria foram Sócrates, Platão e Aristóteles. Cada um deles criou um método a partir dos seus pontos de vistas para argumentar e fundamentar seus pensamentos.

A epistemologia origina-se da oposição crítica entre o empirismo e o racionalismo. Ambos são fundamentais para o conhecimento humano, mas eles divergem-se em crenças.

O empirismo é sinônimo de “experimental”. Baseia-se no conhecimento adquirido por meio sensorial, a partir da própria experiência humana, priorizando a evidência. Oposto a isso, tem-se o racionalismo, associado à razão, como corrente filosófica que se baseia nas ciências exatas.

Ponto de vista = subjetivo, crença = conhecimento como verdadeiro.

O que é conhecimento

Por conhecimento, o dicionário Aurélio traz como significado o “entendimento sobre algo; saber”. Para Platão é o conjunto de todas as informações que descrevem e explicam o mundo natural e social que rodeia o ser humano.

O conhecimento é entendido como conjunto de crenças e é necessário compreender as suas razões. Para a Epistemologia, o conhecimento é a junção de códigos e informação. Pode ser dividido nas seguintes categorias:

  • Sensorial: conhecimento comum entre seres humanos e animais.
  • Intelectual: raciocínio, o pensamento do ser humano.
  • Popular: conhecimento de uma determinada cultura.
  • Científico: análises baseadas em provas.
  • Filosófico: ligado à construção de ideias e conceitos.
  • Teológico: conhecimento adquirido a partir da fé.

O biólogo e psicólogo suíço Jean Piaget elaborou uma teoria do conhecimento e a expôs em sua obra “Epistemologia da Genética”, em 1970. Para ele, o conhecimento não é algo inato dentro de um indivíduo – como afirma o apriorismo -, assim como também não é exclusivamente alcançado através da observação do meio envolvente – como o empirismo.

Segundo Piaget, o conhecimento é produzido graças a uma interação do indivíduo com o seu meio, de acordo com estruturas que fazem parte do próprio indivíduo. Conforme a sua obra, o ser humano passa por quatro fases de aquisição de conhecimento, sendo:

  • Sensorial: 0 a 2 anos, onde o conhecimento dá-se por estímulos exteriores e interiores.
  • Pré-Operatória: 3 a 5 anos, é o momento quando aparece a fala, os jogos com outras crianças com normas simples e o pensamento mágico e fantasioso, que inclui os contos de fada.
  •  Operatório Concreto: 6 a 12 anos, fase em que o conhecimento é adquirido por resoluções de problemas, além da aquisição da escrita e cálculos associados a símbolos concretos.
  • Operatório Abstrato: 12 a 16 anos, compreensão de conceitos abstratos como a sociedade, o amor, o Estado e a cidadania.

Para Piaget, esses estágios não são alcançados de forma linear e cada criança tem o seu ritmo de aprendizagem. Ele também argumenta que nem todos alcançam a última etapa. Piaget afirma que mais importante do que passar de fase é observar como a criança passa de uma etapa para outra.

Para caracterizar este fenômeno, ele cunhou dois termos: assimilação e acomodação.

  • Assimilação: ao ser apresentado a um brinquedo novo, a criança faz “testes” para entender como funciona.
  • Acomodação: através do conhecimento adquirido, a criança encontra uma aplicação para esta habilidade e realiza a transferência para outras áreas.

Diferença entre os saberes

Na visão epistemológica, o conhecimento do “saber que” é diferente de “saber como”. Assim, o tipo de conhecimento que uma pessoa tem ao saber que 2 + 2 = 4 é diferente do conhecimento adquirido para andar de bicicleta ou tocar um instrumento e também difere de conhecer uma determinada pessoa ou estar “familiarizado” com ela.

Para alguns filósofos, há uma diferença considerável e importante entre “saber que”, “saber como” e “familiaridade”, sendo que o principal campo de estudo da filosofia recai sobre a primeira forma de saber.

Michael Polanyi, em “Personal Knowledge”, escreve a favor da relevância epistemológica do “saber como” e do “saber que”. Para ele, além do conhecimento teórico da física para a manutenção do estado de equilíbrio de uma pessoa que anda de bicicleta (saber que) está envolvido também o conhecimento sobre como andar de bicicleta (saber como). Assim, ele argumenta que o saber científico não substitui o conhecimento empírico.

Concordando com Polanyi, Gilbert Ryle defende que se desprezar a diferença entre os saberes a humanidade fica, inevitavelmente, conduzida a um regresso ao infinito, ou seja, na impossibilidade de adquirir conhecimento.

O filósofo Russell distingue o “conhecimento por descrição” de “conhecimento por familiaridade”, em seu ensaio intitulado “Os Problemas da Filosofia”. O mesmo faz Ryle, quando dedica atenção especial à distinção entre “saber que” e “saber como” em “The concept of mind” (O Conceito de Mente).

Sobre conhecimento por familiaridade, Roussell afirma que é adquirido por uma interação causal sem interferência por meio de experiência direta, sem mediação. Para este filósofo, a mediação dá-se pelo conhecimento através de uma estratégia e não o contrário. Assim, seguindo este pensamento, a não-mediação ocorre quando não há conhecimento prévio dos dados dos sentidos acerca do objeto observado. Portanto, abrir os olhos pela manhã e saber que é dia é um conhecimento adquirido por familiaridade.